Olá,
Caros Leitores!
Neste
mês de Março estamos comemorando um ano de publicações aqui no GNTC Notícias
(YEYYYYYY). Estou indescritivelmente feliz por estar compartilhando um
pouquinho da minha experiência com vocês por meio dessas colunas.
Para
comemorar essa data especial, decidi vir aqui e abrir meu coração para vocês.
Não que eu já não faça isso desde o princípio, mas hoje será um pouquinho mais
profundo. Não falaremos de esporte, datas comemorativas ou feriados. Hoje
falaremos sobre “a beleza e a dor de morar no exterior”.
Março
é um mês que tem marcado muitos inícios em minha vida. Lembro que lá em 2019 eu
tinha começado um novo trabalho e tinha acabado de passar para a segunda fase
da OAB. Foi um recomeço profissional e estudantil muito grande, uma rotina de
estudos e trabalho que eu amava. Já em 2020, eu tinha acabado de me formar no
Mackenzie e estava estudando para prestar concursos. Prestei o meu segundo
concurso público em Março de 2020 e, dois dias depois, iniciamos o lockdown por
conta do COVID. Avançando para Março de 2021, iniciei meu intercâmbio aqui nos
Estados Unidos. E, em Março de 2022, mudei de família e comecei mais uma nova
fase. E agora, Março de 2023, a mesma coisa acontece. Novo trabalho, nova casa
e, assim, mais uma nova Marília.
Quando
decidi que embarcaria para essa experiência, eu não esperava que isso
transformaria tanto a minha vida e, também, que me transformaria tanto como pessoa.
Quando me mudei para São Paulo com apenas 17 anos para cursar Hexag Mackenzie,
passei por um desenvolvimento interno muito grande e comecei a me conhecer
melhor. Me conhecer por inteira, sem influência de familiares e/ou amigos. O
que foi muito difícil no começo, bem mais desafiador do que eu esperava, mas
que me trouxe muita felicidade e paz no coração depois de algum tempo. Aqui foi
a primeira vez que sai da gaiola com destino a um novo lugar, mas, de alguma
forma, ainda continuava voltando para dentro para buscar proteção, amor e
carinho.
Já
o voo feito em 2021 foi muito maior do que o feito em 2014. Sete anos se
passaram e voltei a sentir a mesma sensação. O que aconteceu foi que, quando
olhei para trás para ver a gaiola e confirmar que ela estaria lá para o meu
retorno atrás de proteção, amor e carinho, ela não estava mais. Voei tão alto e
tão distante, que perdi o sinal conector entre mim e a gaiola, o que ainda me
assusta um pouco mas, por outro lado, me deixa profundamente feliz por saber
que cheguei até aqui.
Retroativamente
observando, vejo que a Marília de quatro anos atrás não imaginaria se ela
soubesse aonde estaria hoje. Talvez um pouco, porque ela sempre foi muito
sonhadora, mas pelos planos daquele momento, tudo isso parecia tão distante! Até
que, ela está aqui. O tempo passa tão rapido que às vezes parece que tudo o que
tenho hoje e quem sou hoje foi conquistado da noite para o dia. Mas quando
pauso e olho para o passado cuidadosamente consigo ver que cada pequena decisão
me trouxe até aqui, durante todas as fases da minha vida. E, sem dúvida alguma,
alçar voo e deixar a gaiola para trás foi a mais importante. Cada pequeno passo
fez, faz e fará uma grande diferença em meu futuro e espero que esse
crescimento, tanto espiritual, tanto físico quanto mental, só continue!
Além
de comemorar um ano da coluna neste mês, comemoro dois anos de intercâmbio, com
muito orgulho e saudade no coração. Um dia me perguntaram como eu me senti
durante meu primeiro mês de intercâmbio, se eu estava com saudades e queria
voltar para casa. E sinceramente? Nem um pouco. Eu estava extremamente
encantada e realizada de estar aqui. Mas, caso você esteja passando por um
momento desse, tenha começado um intercâmbio a pouco tempo ou tenha feito
alguma mudança dessa forma em sua vida, saiba que está tudo bem. Está tudo bem
e é necessário sentir. Somos todos humanos e sentimento e emoção fazem parte do
nosso ser - por isso mesmo a expressão SER humano, porque somos, vivemos,
sentimos, e não devemos esconder isso de maneira alguma. E cada um terá um tipo
de experiência, não podemos comparar.
A
vida de um intercambista é cheia de altos e baixos. Muitas conquistas, viagens,
amigos, diversão. Sempre lá no ponto extremo da felicidade. Muita saudade,
muitas perdas, muitas delongas, inseguranças, incertezas. Sempre lá no ponto
extremo da angústia e tristeza. Se eu tivesse que definir esses dois anos em
uma só expressão com certeza seria “uma montanha-russa de sentimentos”. Por
isso a escolha desse título, a beleza e a dor de morar no exterior. Porque sim,
é muito belo, chega a ser indescritível todos os lugares que meus olhos
conseguiram tocar ao decorrer desses anos e tudo mais que experienciei! Porém,
também é indescritível a dor que meu coração sente por estar longe de pessoas
que eu amo tanto por tanto tempo. De não ter um colo de mãe ou uma sopinha da
vovó quando fico doente. São os pequenos detalhes que contam cada vez mais.
Gostaria de poder expressar em palavras o quanto dói, o quanto é difícil, o
quanto os dias tristes são eternamente mais longos do que os felizes. Não cabe
nos dedos das mãos (e dos pés lol) quantas vezes eu pensei em deixar tudo para
trás e voltar para o Brasil em diversas situações, dos momentos em que senti um
cheiro que me lembrou algo em casa ou nos momentos mais difíceis de saber que
alguém esta precisando de mim lá. São tantas idas e vindas, tantos altos e
baixos, tantas alegrias, porém muita saudade.
Mas,
foi assim foi que eu aprendi uma das maiores e melhores lições que o
intercâmbio poderia me ensinar: viver o presente, aproveitar cada momento,
desfrutar de todas as boas oportunidades, porque passa! O momento escorre pelo
ponteiro do relógio e quando você menos espera, vira memória, vira lembrança.
Hoje
dedico essa coluna para você que está longe de casa e também vive essa
montanha-russa de sentimentos. Saiba que você tem um amigo em mim e que estarei
aqui a qualquer momento para conversar, se precisar. Também me prontifico a
ajudar quem está no caminho de voar para um novo lugar ou está pensando em fazê-lo.
Não
deixe que a vida passe sem que você coloque seus sonhos em primeiro lugar! Lute
todos os dias para conquistá-lo.
Com
amor,
Marília
Rosa.