A criança e suas fases de desenvolvimento

·         Devo explicar tudo?

·         Posso dizer NÃO e pronto?

·         O castigo resolve?

·         Devo ser exigente?

·         Devo priorizar que seja sempre feliz?

·         Quando ponho limites?

As dúvidas são muitas acerca da educação que damos para nossas crianças e é bem verdade que elas não vem com um manual de como educar. Mas é possível entender seu desenvolvimento e ter uma visão mais esclarecedora sobre seus comportamentos, podendo assim, tomar uma posição coerente ou mais assertiva possível.

O estudo desse tema nos remete a muitos nomes importantes e dentre eles, o biólogo e psicólogo suíço, Jean Piaget, autor da teoria dos Estágios de Desenvolvimento cognitivo, períodos de tempo que se sucedem e compreendem as condições neurobiológicas e ambientais do sujeito. Por isso a importância de se considerar, não só o fato de se nascer saudável, crescer e se tornar adulto, mas viver em ambiente que permita e promova que os estágios de desenvolvimento aconteçam a contento. O que possibilita uma criança passar de um estágio para outro é o seu amadurecimento neurológico, embora o ambiente seja crucial como fator qualitativo. Não por acaso, sociedades mais desenvolvidas priorizam os cuidados com a criança, estabelecendo como meta, para um futuro prospero, seu desenvolvimento seguro e saudável.

Mas o que é um desenvolvimento saudável? Toda criança nasce com um potencial estrutural, de caráter biológico, que lhe permite não só crescer, como mais um de sua espécie, mas apropriar-se de sua cultura e de todo conhecimento desta, construir sua personalidade e interagir com o meio e com os seus, criando seu acervo de experiências, estabelecendo um elo de pertencimento e identidade.

Sabe aquele trajeto planejado, onde você conhece os trechos pelos quais passará? Pois bem, conhecer os estágios do desenvolvimento é conhecer o trajeto que o ser humano percorre desde o nascimento até a vida adulta.

Qualquer ser humano, em qualquer parte do mundo, passa pelos mesmos estágios. São eles:

 

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    Estágio sensório- motor: vai do nascimento até os 2 anos de idade: nesse período podemos observar grande evolução, do ponto de vista neurológico e comportamental. Talvez numa proporção tão significativa, que é considerado o estágio mais abundante, em termos de aprendizado e transformação. O bebe que ao nascer vivia de seus reflexos vitais, como sugar, passa não só sentir-se um corpo, mas atuar com este, numa relação de causa e efeito sobre o ambiente em que vive, agindo e produzindo comportamentos de acordo com o que deseja. Planeja a ação e tem objetivo. Criam as memórias, imitam comportamentos, estimam a permanência de objetos e pessoas sem as verem. Esse tipo de aprendizado é considerado o embrião dos processos de pensamento. É um salto de inteligência extraordinário e, portanto, fundamental, como base do crescimento.


Estágio pré- operacional: dos 2  aos 6/7 anos: então, a partir das experiências anteriores, seu acervo de memórias e representações simbólicas, permite que a criança amplie sua visão do ambiente, do mundo e é nessa fase que aparece um importante recurso, a linguagem, que a habilita para ampliar a interação, nomear os objetos, pessoas, emoções, tornando-a capaz de se expressar e receber do outro, tais representações, através da comunicação. Esse valioso recurso simbólico é usado para consolidar suas interações e, posteriormente, ter a capacidade de considerar outros pontos de vista, que não o seu. Por isso, nessa fase, é comum, presenciarmos comentários “ sinceros” e por vezes desagradáveis. Podemos observar os primeiros conflitos imaginários, como monstro embaixo da cama, entre outros. Esse estágio permite que a criança exercite as relações sociais.        

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Estágio operatório- concreto: dos 6/7 aos 11/12 anos: Nesse período, o pensamento lógico aparece, a criança é capaz de observar regularidades, levar em conta outros pontos de vista e trabalhar com objetos concretos, que possa observar e manipular. Durante esse período adquire importantes conceitos de conservação de volume, massa e trabalha sob diferentes perspectivas. Percebe que está sujeita ao erro e procura validar suas ideias. A criança atravessa então um importante período de amadurecimento para os estudos formais futuros, que dependem da aquisição de tais conceitos.


   

Estágio lógico- formal: 12 anos em diante: O pensamento abstrato surge e ela é capaz de trabalhar hipóteses linguagem figurada e toda uma gama de interpretações próprias da sua espécie, filosofia, sociologia, direitos humanos, republica, democracia, infinito. Seja aqui ou em qualquer outro lugar do planeta. Nessa fase surge a capacidade de se auto avaliar e checar a qualidade das conclusões. Nesse período entende que podemos criar realidades diferentes, construir um mundo melhor a partir de ideias. Então não por acaso, nessa fase a criança pode se tornar um idealista, afinal entendeu a relação causa-efeito sobre o ambiente, através de sua avaliação social, ética e política e pode apresentar “soluções, “por vezes simplistas, para tudo. Sua frustração pode ser do tamanho de seu entusiasmo e também não raro, observamos um conflito existencial. Piaget considerava que a adolescência poderia carregar essa “ inabilidade de temperar as abstrações lógicas e as considerações práticas. ”

Mas por que é importante ter conhecimento sobre o assunto?

Não é possível pular estágios, adiantá-los, invertê-los, uma vez que a aquisição dos conceitos e habilidades que acontecem num, são os requisitos para o seguinte.

Isto significa que garantir as condições essenciais a uma criança é promover um desenvolvimento saudável e feliz.

Entender essa dinâmica é possibilitar qualidade para a interação com o indivíduo.

A partir da compreensão dos estudos de Piaget, todo educador pode reconhecer no seu educando, as capacidades e as limitações, considerando o estágio no qual se encontra.