Cerca de duas semanas após tomar o poder do Afeganistão, de onde as tropas americanas se retiraram no último dia 31, em cumprimento ao acordo com o Taleban, o grupo fundamentalista aparenta estar encontrando dificuldades na governança, não tendo ainda anunciado seu novo Governo ou como pretende governar. Isto vem levando doadores internacionais a se preocuparem com uma iminente crise humanitária. 

Apesar da ordem de controle que vem sendo imposta pelos combatentes armados, o país não vem sendo capaz de manter bancos, hospitais e a máquina do Governo em funcionamento. A rede de comunicação Al Jazeera informou que o Catar, a pedido do Taleban, foi até Cabul para discutir a retomada das atividades do Aeroporto Internacional, que foi palco da evasão de civis e militares que combateram ao lado das forças ocidentais durante a guerra.

O Ministro de Relações Exteriores do Paquistão, que mantém laços com o grupo, disse esperar que o Afeganistão tenha um “governo de consenso” em alguns dias. Muitas pessoas estão se dirigindo às fronteiras do país, com medo do regime a ser imposto, e na Província de Panjshir há membros da milícia local ainda resistir às novas forças, sob liderança de Ahmad Massoud, para quem o líder do Taleban, Amir Khan Motaqi, se dirigiu durante um discurso, dizendo que “o Estado Islâmico do Afeganistão é o lar de todos os afegãos”. 

Foi ainda declarada anistia a todos os afegãos que trabalharam ao lado das forças estrangeiras durante a guerra, que teve início em 2001, após o Taleban se recusar a entregar o líder da Al Qaeda, Osama Bin Laden, quando promoveu os ataques de 11 de Setembro. 

Os líderes do grupo vêm pedido para que os cidadãos retornem às suas casas e ajudem na reconstrução, prometendo proteger os direitos humanos, em aparente esforço para se mostrar mais moderado desta vez do que em relação ao seu primeiro Governo, findo em 2001, quando o regime imposto era visto como medieval e proibia, dentre outras coisas, a educação e o emprego às mulheres.