Passado quase um dia da tomada de poder do Afeganistão pelo Taleban, grupo radicalista fundamentalista islâmico que veio promovendo conflitos armados nas duas últimas semanas, e na contra-mão da fala do premiê do Reino Unido e da posição dos Estados Unidos, a China reconheceu nesta segunda, 16, o grupo enquanto novo governante e com ele vinha mantendo relações comerciais desde 2019.


O porta-voz da diplomacia chinesa, Hua Chunying, afirmou que “respeita o direito do povo afegão a decidir seu próprio destino e futuro e desejar seguir mantendo relações amistosas e de cooperação com o Afeganistão”. Disse, ainda, que a embaixada da China no país “continua funcionando normalmente”.


A Rússia, representada por seu embaixador no Afeganistão, irá se encontrar com os talebans amanhã, 17, a partir do quê decidirá se reconhece ou não o Governo como tal. Os primeiros contatos foram providenciados para garantir a segurança da embaixada russa no país.


O porta-voz do Taleban Mohammad Naeem disse à Al Jazeera, veículo de imprensa do país, que o grupo pede “para que todos os países e entidades se encontrem conosco para resolvermos qualquer tema. Nós conquistamos o que queríamos, que é a liberdade para o nosso país e independência para nosso povo. Não achamos que as forças estrangeiras vão repetir sua experiência fracassada no Afeganistão mais uma vez”, disse se referindo à derrubada do grupo do poder em 2001 pelos Estados Unidos, que muito recentemente retirou suas tropas das terras afegãs.


No país o clima é de tensão e os aeroportos vêem sendo palco de tumultos de pessoas buscando fugir para o exterior, o que já provocou mortes e causou o cancelamento de todos os voos comerciais. As companhias aéreas estão desviando voos após comunicado de autoridade afegã de que o espaço aéreo foi “liberado para os militares”. Os EUA irá enviar reforços ao aeroporto internacional de Cabul para o proteger, tendo interrompido, por ora, os voos de evacuação da cidade que vinham acontecendo.


Ontem, 15, mais de 60 países divulgaram um comunicado em que apelam para que seja permitida a saída do país dos cidadãos afegãos.