Com a elevação da taxa básica de juros, a Selic, anunciada nessa quarta-feira (8) pelo Banco Central, de 7,75% para 9,25% ao ano, o cálculo do rendimento da poupança volta para a regra antiga.
A nova taxa básica também
afeta financiamentos imobiliários e a correção do saldo do Fundo de Garantia do
Tempo de Serviço (FGTS).
Taxa Referencial
Isso acontece porque a Taxa
Referencial (TR), que estava zerada, vai subir com o aumento da taxa Selic.
A TR é calculada pelo Banco
Central a partir dos juros das Letras do Tesouro Nacional (LTN), que variam
seguindo a Selic.
A Taxa Referencial é usada
como indexador para a correção das aplicações da caderneta de poupança, das
prestações dos empréstimos do Sistema Financeiro da Habitação e do Fundo de
Garantia do Tempo de Serviço (FGTS).
No caso do FGTS, a correção
do saldo é a TR mais 3%. E nos empréstimos para a compra da casa própria, a
taxa corrige as prestações.
Segundo o diretor Executivo
de Estudos e Pesquisas Econômicas da Associação Nacional de Executivos
(Anefac), Miguel José Ribeiro de Oliveira, a estimativa é que a TR fique em
torno de 0,05%. Oliveira lembrou que quando a Selic estava em 9,25% ao ano, em
julho de 2017, a TR chegou a 0,0623%. Mas só será possível conhecer a nova taxa
quando o Banco Central divulgar o cálculo mensal da TR referente a dezembro.
“A TR não vai subir para um
patamar que inviabilize o pagamento das prestações do financiamento imobiliário
porque estará em um percentual baixo”, disse.
Poupança
De acordo com a legislação,
quanto a Selic é igual ou inferior a 8,5% ao ano, a remuneração dos depósitos de poupança é composta pela TR mais 70% da
taxa Selic mensalizada.
Com a Selic acima de 8,5% ao
ano, a poupança volta a render TR mais 0,5% ao mês (6,17% ao ano).
Segundo simulação da Anefac,
com uma aplicação no valor de R$ 10 mil pelo prazo de 12 meses, o investidor
acumula rendimento de R$ 680, totalizando R$ 10.680 ao final desse período.
De acordo com a Anefac, a
poupança ganha em rendimentos dos fundos de renda fixa, principalmente nas
aplicações de baixo valor, porque há cobrança de taxas de administração mais
altas. Nos investimentos em poupança, não há cobrança de taxa de administração.
“Assim, a caderneta de
poupança vai continuar sendo uma excelente opção de investimento,
principalmente sobre os fundos cujas taxas de administração sejam superiores a
1% ao ano”, explica a Anefac.
Inflação
Apesar do aumento do
rendimento, a poupança ainda perde para a inflação. A expectativa de analistas
de mercado é que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (IPCA) fique acima
10%.
Mas não é só a poupança que
perde para a inflação. “Com inflação acima de 10% no ano, todos os
investimentos de renda fixa, variável, poupança, CDB perdem para inflação. Mas
o Banco Central sinalizou que vai continuar subindo a Selic. À medida que as
taxas vão subindo, os investimentos tendem a voltar a ganhar da inflação”, disse
Oliveira.
Copom
Em comunicado após a
reunião, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central informou que
“o ciclo de aperto monetário [aumento da Selic]” deve avançar
“significativamente em território contracionista”, ou seja, com mais altas de
juros. “O Comitê irá perseverar em sua estratégia até que se consolide não
apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em
torno de suas metas [de inflação]”.
“Para a próxima reunião, o
comitê antevê outro ajuste da mesma magnitude (1,5 ponto percentual)”, informou
o comitê.