O vento de abril já dá o ar da graça! Traz um ar puro, leve, que limpa o meu peito empoeirado e renova a minha esperança - a mesma de sempre, a última a morrer.

Parece até que eu já aguardava esse ar novo depois de tantos perrengues vividos nos últimos tempos: Covid pra todo lado, matando muitos - até criança!; Covid pra cima de mim e da patroa e a gente sem vacina nenhuma - vacina só pra europeus e americanos! -; e junto com a Covid, dengue pra muitos, dengue até pra mim que já estava fraco da Covid - que falta de piedade!

Mas tivemos mais perrengues: uma desinteligência geral, gente de todo tipo - de tipos que eu nem conhecia -, falando várias línguas ininteligíveis, uma Torre de Babel dentro de casa, do bairro, da cidade, do país! Quanta discordância! Quanta aberração! Quanta mentira! Quanta exaltação!

Então, espero francamente que esse vento de abril que me anima anime também a você, e nos anime a todos, e que sopre pra bem longe o vento velho, viciado, venenoso que estava a nos sufocar.

Eu sei que esse vento venenoso ainda está por aqui - outro dia um amigo chamou o santo Papa de anticristo! Mas ele há de ser soprado para bem longe, para as profundezas dos buracos da Terra, de onde não há de sair mais. Afinal, abril está só começando!

Venha, vendo de abril, seja bem-vindo! Espalhe a esperança do porvir e varra pra longe o pó da discórdia! Amém!