O maior mercado de exportação de carnes bovinas do Brasil, a China, mantém a proibição da carne brasileira, situação que se arrasta há seis semanas e partiu voluntariamente de autoridades nacionais, devido a dois casos confirmados de doença “atípica” da vaca louca.

A consternação entre as autoridades brasileiras e grandes frigoríficos vem aumentando e a suspensão, então, ameaça dizimar exportações avaliadas em US$4 bilhões por ano.

“O Brasil foi totalmente transparente com as autoridades sanitárias chinesas. Temos respondido a todos os pedidos de informações dirigidos a nós. Além disso, solicitamos uma reunião técnica, ainda não agendada pelas autoridades chinesas, que afirmam estar analisando as informações que enviamos”, afirmou um funcionário do Ministério da Agricultura. “Não podemos estabelecer uma data para a retomada das exportações de carne bovina para a China, porque a decisão não depende de nós”, esclareceu.

Apenas neste ano, entre janeiro e julho, os embarques de carne para a China somaram 490 mil toneladas, gerando vendas de US$2,5 bilhões, números que representam aumentos, respectivamente, de 8,6% e 13,8% em relação ao mesmo período do ano passado, segundo informações da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes – Abiec.

Na Irlanda houve a confirmação de um caso de doença “atípica” da vaca louca, no entanto, a China também não suspendeu a proibição das importações de carne do país, tendo anunciado recentemente, também, a proibição de importação de carne britânica de gado com menos de 30 meses, a partir do dia 29 de setembro.

Para analistas, a proibição pode ser uma maneira encontrada pelos chineses de obter vantagem comercial, atrasando a retomada das importações para viabilizar negociações envolvendo melhor precificação, fortalecendo seu poder de barganha, visto que não há o que ser discutido em termos de saúde.

Os casos da doença são considerados “atípicos” devido a “ocorrerem de forma espontânea e esporádica e não estão relacionados à ingestão de alimentos contaminados”, explicou a pasta da Agricultura, que acrescentou que “não há risco para a saúde humana e animal”.

Com a proibição chinesa, ficaram no limbo cerca de 100 mil toneladas de carne bovina brasileira, com certificação sanitária anterior à suspensão comercial, mas embarcada. Ao que parece, Pequim vem recusando a entrada da mercadoria.