Um
visitante que a cada 50 mil anos frequenta o céu do planeta Terra teve, neste
12 de janeiro, seu ponto de maior proximidade com o Sol e, a partir do início
de fevereiro, ficará visível no hemisfério sul. Trata-se do cometa C/2022 E3.
O
cometa foi detectado pelo programa Zwicky Transient Facility (ZTF) em março de
2022, quando passava pela órbita de Júpiter. A observação foi feita por meio do
telescópio Samuel-Oschin, no Observatório Palomar, na Califórnia (EUA).
Segundo
o Observatório Nacional, o ponto de maior aproximação desse cometa
“relativamente pequeno” - cerca de 1 km de diâmetro - com a Terra será em 1º de
fevereiro.
Cometas
são objetos feitos principalmente de gases congelados, rocha e poeira, e se
tornam nais visíveis quando se aproximam do sol, e seu gelo passa a se
transformar em gás, formando uma nuvem ao seu redor.
Da
última vez que o C/2022 E3 ficou visível, a Terra ainda era habitada pelos
neandertais, conforme disse o astrônomo Filipe Monteiro, tendo por base o
período orbital desse corpo celeste que, acredita-se, tem como origem a Nuvem
de Oort – uma das regiões mais distantes do nosso sistema solar.
“Algumas
previsões sugerem que a órbita deste cometa é tão excêntrica que não está mais
em órbita do Sol. Se for assim, então ele não retornará e simplesmente
continuará indo embora”, informou, por meio de nota, o Observatório Nacional.
Como observar
A
observação começará a ser facilitada nos primeiros dias de fevereiro, “com uma
melhor altura de observação a partir do dia 4 de fevereiro na direção norte e
abaixo da estrela Capela”, explica Monteiro.
Com
o passar dos dias, o cometa será visto mais alto no céu e com mais tempo de
visibilidade. Em sua aproximação máxima, o corpo celeste estará a cerca de 42
milhões de quilômetros da Terra.
O
cometa poderá ser visto a olho nu apenas se as condições do céu forem bastante
favoráveis, ou seja, com o céu escuro, sem Lua, e sem poluição luminosa. Esse
poderá ser o primeiro cometa do ano visto a olho nu, e o primeiro após o cometa
Neowise, que apareceu em 2020.
“Para
observar o cometa, o mais sensato é usar binóculos, que facilitarão a
observação desse visitante ilustre. Além disso, é importante destacar que não é
uma tarefa tão fácil achar um cometa no céu. Por isso, além de instrumentos
(binóculos, telescópios, câmeras fotográficas), é interessante que as pessoas
procurem um lugar distante dos centros urbanos, fugindo assim da poluição
luminosa. Para facilitar ainda mais a observação do cometa, o indicado é
procurar pelo cometa quando a lua não estiver mais no céu”, explica Monteiro.
Para
observadores iniciantes, ele sugere que como data ideal o dia 10 de fevereiro,
entre 19h e 21h, quando o cometa irá se encontrar muito próximo do planeta
Marte.
“Uma
estratégia que pode ser usada também por iniciantes, bem como os fotógrafos
casuais, é tentar fotografar o cometa apontando sua câmera para sua localização
aproximada no céu e tirando fotos de longa exposição de 20 a 30 segundos”,
disse
“Ao
visualizar as imagens, possivelmente você notará um objeto difuso e com cauda.
Usando essa técnica, muitos estão conseguindo fotografar o cometa mesmo que não
o veja no céu”, disse.