O Comitê Nacional para os Refugiados (Conare) anunciou hoje (7) a criação do Observatório da Violência contra Migrantes e Refugiados, que terá, como objetivo, acompanhar denúncias e procedimentos relacionados ao tema e apoiar a elaboração de políticas públicas para seu enfrentamento. A decisão foi tomada durante a reunião de plenária ocorrida em 3 de fevereiro.
O observatório que conta com
a participação de representantes dos Ministérios da Justiça e Segurança Pública
(MJSP) e das Relações Exteriores (MRE) terá como “primeira atribuição” o
acompanhamento “dos casos de violência contra membros da comunidade congolesa
no Brasil, em especial o caso do cidadão congolês Moïse Mugenyi Kabagambe,
vítima de crime hediondo recentemente ocorrido no Rio de Janeiro”.
Imagens divulgadas pela
Polícia Civil no dia 1º mostraram as agressões ao congolês, ocorridas em 24 de
janeiro, no quiosque Tropicália, no Posto 8 na Barra da Tijuca.
Três homens foram
indiciados, segundo o titular da Delegacia de Homicídios da Capital, Henrique
Damasceno, por homicídios duplamente qualificado. Nas imagens é possível ver
que os três homens que participaram da sessão de violência contra Moïse,
brutalmente agredido a pauladas após um início de confusão no quiosque.
De acordo com parentes do
congolês, ele teria ido ao local cobrar uma dívida, já os agressores informaram
que ele havia iniciado uma briga dentro do estabelecimento, onde ele trabalhava
como atendente.
Moïse foi sepultado neste
domingo (30), no Cemitério de Irajá, sob protesto de amigos e parentes e com
música e dança africana. Ele veio ao Brasil em 2011 para fugir de conflitos
armados na República Democrática do Congo.
Inquérito
Diante da situação, o
Ministério Público do Trabalho no Rio de Janeiro (MPT-RJ) instaurou Inquérito
Civil para apurar a morte do congolês. A investigação do MPT vai analisar a
relação trabalhista entre as partes.
A denúncia aponta para o
possível trabalho sem o reconhecimento de direitos trabalhistas, podendo
configurar, inclusive, trabalho em condições análogas à de escravo, na
modalidade trabalho forçado, de xenofobia e de racismo. O inquérito corre em
paralelo com as investigações criminais.
Neste sábado (5), um
protesto foi organizado em frente ao quiosque Tropicália, reunindo defensores
da causa negra e dos direitos humanos.