Comunidades defendem construção de diálogo com
governos
As soluções que estão sendo
debatidas durante o Diálogos Amazônicos “têm potencial para salvar o mundo”.
Mas, para tanto, é fundamental a colaboração efetiva de todos os países
participantes da Cúpula da Amazônia, pondera o coordenador Executivo de
Articulação da Malungu, Hilário Moraes.
Ele se refere às propostas que
estão sendo elaboradas durante o evento iniciado nesta sexta-feira (4) em Belém
(PA). A Malungu é uma organização das comunidades quilombolas que, apesar de
centrada no Pará, atua indiretamente junto a cerca de 600 comunidades não
afiliadas localizadas em outras partes do país.
Segundo ele, a grande
expectativa com o encontro – que prepara propostas a serem apresentadas aos
chefes de Estado durante a Cúpula da Amazônia nos dias 8 e 9 de agosto – é a de
se construir, de forma conjunta, com a participação de autoridades e povos da
Amazônia, uma salvaguarda que realmente proteja os territórios quilombolas,
indígenas, bem como outras comunidades tradicionais e povos da Amazônia.
“Sem essa salvaguarda, o
planeta passa, hoje, por um processo muito duro das mudanças climáticas. Os
povos que destruíram suas florestas investem agora pesado na Amazônia, para que
se possa deixar a floresta em pé e para que o planeta possa sobreviver”.
“Nós podemos salvar”
Ele lembra que,
historicamente, são os povos da região os que dominam conhecimentos
tradicionais que garantem uma relação sustentável com a floresta, e que isso
precisa ser levado em conta pelas autoridades.
“Nós podemos salvar o planeta,
mas a gente precisa ter essa cooperação dos países que estão na Amazônia Legal.
Que eles realmente escutem e leiam o que ficará visível na carta-síntese que
vai ser construída, falando de toda problemática e de toda emblemática que
existe dentro da Amazônia”, acrescentou.
O Diálogos Amazônicos reúne,
até dia 6 de agosto, representantes de entidades, movimentos sociais, academia,
centros de pesquisa e agências governamentais do Brasil e demais países
amazônicos, com o objetivo de formular sugestões para a reconstrução de
políticas públicas sustentáveis para a região.
Durante o evento preparatório
para a Cúpula, serão organizadas cinco plenárias-síntese, que debaterão temas
como participação social, erradicação do trabalho escravo, saúde, soberania,
segurança alimentar e nutricional, ciência e tecnologia, transição energética,
mudança do clima e a proteção aos povos indígenas e tradicionais da região.
Estão previstas também
plenárias transversais para debater situações de públicos específicos, como
mulheres, jovens e negros na região amazônica.
Os resultados servirão de base
para a produção de cinco relatórios a serem entregues aos presidentes dos
países amazônicos durante a cúpula.
"Nossa expectativa é a de
que realmente possamos ser escutados. Nós estamos dentro das florestas, dos
rios, dos igarapés e dos campos. E tudo isso nos está sendo retirado. Estão
tirando nosso sono, nossa vida e a floresta que é uma herança e um patrimônio que
está sendo destruído diante dos nossos olhos”, acrescentou, referindo-se a
empreendimentos como os do agronegócio e as “obras faraônicas” construídas em
território amazônico.