O Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central (BC), define hoje (3), em Brasília, a taxa básica de juros, a Selic. Segundo a edição mais recente do boletim Focus, pesquisa semanal com analistas de mercado, a Selic deverá passar de 13,25% para 13,75% ao ano, com alta de 0,5 ponto percentual. Os analistas de mercado esperam que a taxa permaneça nesse nível até o fim do ano.
Na ata da última reunião, os
membros do Copom indicaram que pretendiam aumentar mais uma vez a Selic
em 0,5 ou 0,25 ponto percentual, mas deixaram aberta a possibilidade de
promover novas altas caso a inflação persista.
Até maio, os comunicados do
BC indicavam que a autoridade monetária pretendia encerrar o ciclo de elevações
em junho. No entanto, as altas além do previsto - promovidas pelo Federal
Reserve (Fed, Banco Central dos Estados Unidos) e do Banco Central Europeu -
adicionaram pressão sobre os juros brasileiros.
Depois de altas nos últimos
meses, as estimativas de inflação têm caído. A última edição do boletim Focus
reduziu a previsão de inflação oficial pelo Índice Nacional de Preços ao
Consumidor Amplo (IPCA) de 7,30% para 7,15% neste ano. Em junho, as projeções
para o IPCA chegaram a 9%.
Embora a gasolina e a
energia elétrica tenham ficado mais baratas nos últimos meses, a guerra entre
Rússia e Ucrânia continua impactando os preços do diesel, de fertilizantes e de
outras mercadorias importadas. Além disso, a instabilidade na economia
norte-americana, que enfrenta a maior inflação nos últimos 41 anos, provoca
forte volatilidade na cotação do dólar em todo o planeta.
Para 2022, a meta de inflação
que deve ser perseguida pelo BC, definida pelo Conselho Monetário Nacional, é
de 3,5%, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para
baixo. Ou seja, o limite inferior é 2% e o superior, 5%. Os analistas
consideram que o teto da meta será estourado pelo segundo ano consecutivo.
Taxa Selic
A taxa básica de juros é
usada nas negociações de títulos públicos emitidos pelo Tesouro Nacional no
Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic) e serve de referência para as
demais taxas da economia. Ela é o principal instrumento do Banco Central para
manter a inflação sob controle.
Entretanto, as taxas de
juros do crédito não variam na mesma proporção da Selic, pois a Selic é apenas
uma parte do custo do crédito. Os bancos também consideram outros fatores na
hora de definir os juros cobrados dos consumidores, como risco de
inadimplência, lucro e despesas administrativas.
Copom
O Copom reúne-se a cada 45
dias. No primeiro dia do encontro, são feitas apresentações técnicas sobre a
evolução e as perspectivas das economias brasileira e mundial e o comportamento
do mercado financeiro. No segundo dia, os membros do comitê, formado pela
diretoria do BC, analisam as possibilidades e definem a Selic.