Até quando?

Uma população de aproximadamente 2 mil pessoas vive em situação de rua nas proximidades dos bairros de Santa Cecília e da Praça Princesa Isabel no Centro de São Paulo.

Dependentes químicos, em sua maioria crack vagam por ruas e avenidas deixando um rastro de sujeira, consumo de drogas a céu aberto, arrastões, tráfico e prostituição que não encontram paralelo em nenhuma cidade do mundo.

As tentativas políticas e sociais esbarram na inépcia dos governos de plantão e nos direitos humanos. O debate ganha foco da mídia, mostra as entranhas do problema e traz promessas impossíveis de serem cumpridas.

Recentemente a Deputada Estadual Janaina Paschoal se envolveu numa série de discussões com o Padre Júlio Lancellotti sobre o tema em que muitos bradam e ninguém, ou todos, têm razão.

O tema é difícil e comovente. Moradores foram obrigados a deixarem suas casas, outros (que permaneceram) se veem sitiados, obrigados a reforçarem a segurança e se manter em constante estado de alerta, dada à criminalidade que por ali se desenvolve.

O Diretor e Roteirista Edu Felistoque recentemente lançou um documentário chamado “Cracolândia” retratando as mazelas daquele local. O documentário, lançado no início de 2020 já lhe rendeu diversos prêmios.

"O tema é muito difícil e comovente e a participação em vários e importantes festivais internacionais e os prêmios conquistados pelo nosso 'Cracolândia' nos deixam com uma boa sensação de que estamos indo no caminho certo, chamando todos para uma reflexão. O Brasil está deixando de ter a consciência de que sim, todas as vidas são importantes. Espero poder, em um futuro próximo, fazer um outro filme, desta vez sobre o fim da Cracolândia", comentou o diretor por meio de nota.

A Deputada Janaina Paschoal comentou em suas redes sociais que "Distribuição de alimentos só ajuda o crime", em uma crítica ao Padre Júlio Lancellotti que entende se tratar de ação humanitária.

Longe de um consenso e próximo ao caos, a Cracolândia e seus habitantes resistem há mais de 25 anos.

O surgimento da Cracolândia, ocorreu no início dos anos 90 e tem ligação com a degradação urbana pela qual passou o bairro após a desativação do Terminal Rodoviário da Luz.

Entre 1961 e 1982, a rodoviária foi um dos principais pontos de chegada em São Paulo para quem vinha de ônibus do interior e também de outros estados. 

Os anos de degradação urbana que se seguiram após 1986 na região da Luz se agravaram a partir de 1990 com a chegada do crack. O policiamento na região não era suficiente para combater o problema e para os policiais, trabalhar na Cracolândia era sinal de castigo. Ninguém quer trabalhar ali, é como enxugar gelo, revelou um policial.