Não estamos no mês das mães, mas hoje o texto é para elas. 

Na minha prática clínica, realizo atendimentos não só às criança/adolescentes/adultos cujas famílias me procuram, mas também à toda esta família na qual estão inseridos, o que na minha área chamamos de psicoeducação.

Psicoeducação é uma forma de orientar à família sobre o transtorno, os sintomas e as intervenções que estão sendo realizadas. É uma forma de tornar didático o processo pelo qual a intervenção está sendo conduzida, com qual enfoque e baseada em que a prática está sendo executada. Explica a parceria necessária para que a psicoterapia alcance seus objetivos.

Normalmente os pais e irmãos participam deste processo, mas quase sempre há uma protagonista que conduz a questão além das portas da clínica. Cheias de culpa e autocrítica, não raramente trazem para si a responsabilidade de qualquer prejuízo emocional/comportamental que os conduziram até mim.

As que já estiveram comigo, certamente já me ouviram dizer: mãe não erra nunca, se errou, foi tentando acertar. E isto, para mim, é verdade. Sempre.

Neste sentido, é sempre importante que esta mãe seja acolhida, cuidada e apoiada.

Elas assumem o protagonismo por conta própria na maioria das vezes. Estão mais presentes no processo e se sentem mais responsáveis e, inúmeras vezes, não sabem receber ajuda de seus pares e/ou outros familiares, ainda que lhe seja oferecida. Então, sobrecarregam-se. Deixam de cuidar de si, e passam a viver pela melhoria do quadro de seus filhos. Então, ficam exaustas.

Exaustas, recorrem à autocrítica e este é um sinal de alerta importante. Passam a desmerecer-se e não raras vezes, empregam a si um sofrimento emocional intenso.

Mas todo este processo pode ser evitado, ou no mínimo amenizado se houver a determinação de se cuidar.  As mamães precisam se lembrar que ainda que sejam mães, também são mulheres, profissionais, esposas. Que podem receber auxílio, que não precisam ser exclusivas nos cuidados com seus filhos, sejam eles crianças, adolescentes ou adultos. Antes de qualquer coisa, conversar com outras pessoas sobre suas dificuldades no manejo dos comportamentos de seus filhos acometidos por transtornos (e aqui não me refiro a um transtorno em especial, mas a qualquer um que torne necessários cuidados extras) não é sinal de fraqueza ou de incompetência, mas antes, uma proteção à sua sanidade mental.

E você, que convive com esta mamãe, ofereça ajuda. Não a julgue, não a critique, esteja disponível para ouvi-la, para auxiliar, ainda que seja para que ela tome um banho sem ninguém bater à porta.

A saúde mental e o equilíbrio das mães são determinantes no sucesso de qualquer intervenção. 

E você mamãe? Você pode e deve receber este auxílio. Cuidar-se também é uma forma de amar ao seu filho.