Dar pequenas quantidades de manteiga
de amendoim para bebês com idades entre 4 e 6 meses de idade pode gerar uma
redução de 77% nos casos de alergia a este alimento na população, aponta um
novo estudo.
Os autores da pesquisa afirmam
que, diante destas evidências, a recomendação de autoridades em saúde de que
uma criança não ingira alimentos até cerca de seis meses deveria ser mudada.
Especialistas alertam, no
entanto, que amendoins inteiros ou picados apresentam risco de asfixia e não
devem ser dados a crianças menores de 5 anos.
A orientação atual do NHS,
serviço de saúde pública do Reino Unido, afirma que amendoim triturado, moído
ou em forma de manteiga pode ser introduzido na alimentação infantil a partir
dos 6 meses de idade.
Um bebê está pronto para o
primeiro alimento sólido se consegue ficar sentado, mantendo a cabeça firme,
tem coordenação entre olhos, mãos e boca para que consiga olhar para a comida,
pegá-la e colocá-la na boca e engula a comida, em vez de cuspi-la de volta.
Por que alergias alimentares
acontecem?
No Brasil, não há estatísticas
oficiais sobre alergia alimentar, mas a Associação Brasileira de Alergia e
Imunologia afirma que a prevalência se assemelha à registrada na literatura
internacional, que mostra que isso afeta cerca de 8% das crianças com até 2
anos de idade e 2% dos adultos.
As alergias alimentares são o
resultado de nosso sistema imunológico confundir algo inofensivo com uma ameaça
grave.
Para algumas pessoas, mesmo
uma pequena quantidade de amendoim pode levar a uma reação imunológica tão
avassaladora que isso pode significar um risco de morte.
Havia conselhos de longa data
para evitar alimentos que podem desencadear alergias durante a primeira
infância e que famílias evitassem o amendoim até as crianças atingirem 3 anos
de idade.
No entanto, as evidências nos
últimos 15 anos viraram esse entendimento de cabeça para baixo.
Em vez disso, comer amendoim
enquanto o sistema imunológico ainda está em desenvolvimento pode reduzir as
reações alérgicas, dizem especialistas.
Isso também significa que a
primeira experiência do corpo com o amendoim ocorre na barriga, onde é mais
provável que seja reconhecido como alimento, e não na pele, onde é mais
provável que seja tratado como uma ameaça.
Em Israel, onde petiscos de
amendoim são comuns no início da vida, as taxas de alergia são muito mais
baixas, por exemplo.
Outros estudos sugeriram que a
introdução precoce de outros alimentos ligados a alergias - como ovo, leite e
trigo - também reduz alergias.
A pesquisa mais recente,
publicada no periódico Journal of Allergy and Clinical Immunology, calculou
quando é o melhor momento para começar a introduzir alimentos que contenham
amendoim.
A análise foi conduzida pela
Universidade de Southampton, o King's College de Londres e pelo braço de
pesquisa do NHS.
Eles descobriram que o período
crítico é entre 4 e 6 meses, durante o qual a ocorrência de alergia pode ser
reduzida em 77%.
Atrasar a introdução de
alimentos à base de amendoim até que a criança tenha 1 ano de idade reduziria
os casos de alergia em 33%, de acordo com a pesquisa.
Para bebês com eczema, que é
um fator de risco para alergia, os pesquisadores recomendam começar aos 4 meses
- desde que o bebê esteja pronto para alimentos sólidos.
Eles dizem que os pais devem
começar oferecendo pequenas quantidades de frutas ou vegetais.
Então, quando o bebê estiver
confortável, cerca de três colheres de chá cheias de manteiga de amendoim por
semana devem ser introduzidas e mantidas por anos.
A manteiga de amendoim pode
ser dada com o leite materno.
Graham Roberts, professor da
Universidade de Southampton, disse que décadas de conselhos para evitar o
amendoim "compreensivelmente levaram ao medo dos pais" de dar
amendoim às crianças e mudar as regras levou a uma grande confusão tanto entre
médicos quanto entre os pais.
No entanto, ele afirmou que
esta seria uma "intervenção simples, de baixo custo e segura" que
"traria grandes benefícios para as gerações futuras".