De todas as estações do ano, o Inverno é a fase vegetativa mais lenta das plantas. Nesta fase, elas costumam a entrar no que chamamos de “período de dormência”, no qual reduzem seu metabolismo para economizar energia, já que a oferta de luz solar se torna menor nos dias de frio.

Há muitas variações nas características climáticas de região para região, mas a essência da natureza é presente em todas as plantas em todas as estações, e desta forma, o mundo vegetal consegue detectar as alterações de temperatura e umidade do ar no decorrer dos meses, bem como o número de horas de luz por dia, sem que sofram grandes prejuízos. Há uma sabedoria intrínseca nas plantas que identifica toda essa oscilação do meio em que vivem, e ainda tornam os vegetais capazes de se readaptar as novas condições, bem como serem resilientes aos fenômenos da natureza, sem que interrompam seu ritmo de crescimento.

De modo geral, no Inverno os dias são mais curtos, e, portanto, a oferta de energia solar é reduzida, fazendo com que a planta seja mais “econômica” com seus processos metabólicos, o que provoca uma lentidão em todo o processo de rebrota, florescimento e frutificação. No Inverno pouco se vê plantas cheias de folhas, ou rebrotando em grande escala, pelo contrário, há as espécies caducifólias que soltam propositalmente suas folhas nesta estação. Geralmente, os processos de floração e frutificação ficam suspensos até que se aproxime a Primavera, e toda a energia produzida com a reduzida oferta de luz solar fica armazenada para manter a planta viva, e dormente.

No Inverno acontecem, também, os dias de frio intenso nos quais as plantas “queimam” e acabam ficando com aspecto feio e sofrido. A queda brusca de temperatura, juntamente com as geadas, machuca a superfície das folhas e deixa o vegetal em estado de estresse, mas isso não significa que ele não resistirá. As folhas afetadas realmente nem sempre irão se recuperar, mas com bons cuidados, novas folhas virão em pouco tempo após essa situação. Não descarte as plantas queimadas, elas ainda possuem seu valor.

O vento é outro fator que as plantas sentem bastante no Inverno, porque além da força física do próprio fenômeno, ele ainda é gelado, o que intensifica a ação do frio na planta. O vento costuma quebrar as hastes e base das folhas, além de derrubar precocemente os botões florais, e até mesmo os frutinhos. Além disso, o vento corta as folhas maiores, fazendo com que elas fiquem rachadas, dando abertura para entrada de patógenos, e causando desequilíbrio do vegetal.

Resumindo, o Inverno não é fácil para as plantas, porém há cuidados que podem ser feitos e que auxiliam em muito as plantas atravessarem essa fase.

E embora seja um período mais árduo para o vegetal, a estação do Inverno é também essencial para o desenvolvimento da planta. É quando a planta pode descansar. Veja bem, há cuidados que devemos tomar somente no Inverno, como por exemplo as podas. É exatamente nesta fase na qual as plantas estão sem flores e frutos, e poucas folhas, que devemos realizar a poda de limpeza dos galhos secos, doentes ou praguejados. Há também a poda de abertura de copa, na qual reduzimos a quantidade de galhos na copa para que entre mais luz solar no interior da planta reduzindo assim a incidência de doenças fúngicas. Recomenda-se ainda a poda de formação nesta fase, prática na qual selecionamos os galhos para que se forme uma estrutura concisa e equilibrada na planta, já pensando na sua fase adulta. E é fortemente recomendada essa técnica de poda para que a planta não gaste energia com galhos e partes desnecessárias, bem como faz com que ela armazene mais energia para a volta de sua velocidade metabólica ótima na Primavera e Verão.

Enquanto a melhor estação para as plantas não chega, nós podemos ajuda-las com pequenas práticas que fazem a diferença, como:

1- Reduza a quantidade de água na irrigação e sua frequência também. Já que a temperatura fica mais baixa, a planta transpira menos, e, portanto, absorve menos água. Desta forma, o excesso de regas pode causar o apodrecimento da planta;

2-  No momento do molhamento prefira irrigar o solo, e não molhar as folhas, já que a água na superfície da folha pode “queimar” a planta com a ação do frio;

3- Se suas plantas ficam em ambiente externo e estão em vasos, guarde-as durante as noites mais frias, protegendo-as da queda de temperatura e das geadas;

4- Se suas plantas estão plantadas em canteiros no solo, fixas no ambiente externo, há a possibilidade em alguns casos de se cobrir elas durante a noite com uma lona, desde que seja removida ao amanhecer;

5- Manter uma cobertura morta no solo com folhas secas – essa camada mantem o calor no solo adquirido durante o dia com a radiação solar;

6- No Brasil não temos muito esse costume, mas ter uma pequena estufa no quintal pode salvar muitas plantas no Inverno;

7- Adubações de inverno são recomendadas apenas em casos específicos e com acompanhamento técnico, usando-se dosagem baixa de fertilizante e em condições pré-determinadas;

8- As podas de limpeza também colaboram muito para o vegetal atravessar a fase do Inverno, fazendo com que a planta destine energia apenas para as partes promissoras;

Cabe a nós também sermos pacientes com essa etapa do ciclo vegetal. Muitas pessoas querem que as plantas floresçam e frutifiquem na mesma intensidade durante todo o ano, e isso não é possível. Assim como nós, as plantas também precisam se recolher no Inverno, se interiorizar e se cuidar, para que possam cumprir com excelência e potência máxima as florações na Primavera e frutificações no Verão.

Tudo faz parte do processo.

Conforme os dias se tornam mais longos, a energia solar se intensifica, e as temperaturas vão subindo, as plantas vão reagindo com mais agilidade aos estímulos recebidos. Novas folhas vão brotando, as copas vão se enchendo até que aparecem as hastes e botões florais, e em seguida vêm os frutos – sinal de que as plantas estão em capacidade máxima de desenvolvimento.

Tenhamos calma com os Invernos e seu tempo!