Estudo
estima que Brasil tenha 1,5 milhão de pessoas cegas
Pessoas de faixas etárias
mais elevadas e com menor poder aquisitivo estão mais suscetíveis a cegueira ou
baixa visão, de acordo com relatório divulgado nesta quinta-feira (15) pelo
Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO).
O documento, intitulado As
Condições da Saúde Ocular no Brasil 2023, faz uma radiografia do segmento no
país, tomando como base estimativas mundiais da prevalência de doenças
oftalmológicas, somadas a dados demográficos e socioeconômicos do Brasil.
De acordo com o estudo, as
principais causas de cegueira ou baixa visão incluem catarata, erros refrativos
não corrigidos, glaucoma e degeneração macular relacionada à idade.
A Organização Mundial da
Saúde (OMS) estima que 2,2 bilhões de pessoas têm algum tipo de deficiência
visual – dessas, pelo menos 1 bilhão têm deficiência visual moderada ou grave,
ou cegueira que, segundo o conselho, poderia ter sido evitada, ou ainda não foi
tratada.
A catarata e os erros de
refração não corrigidos são as duas principais causas de deficiência visual
reversível e representam 75% de todos os tipos de deficiência visual, sobretudo
entre grupos etários mais altos.
“Entre os fatores de risco para
esses quadros, destaca-se o envelhecimento da população, além de mudanças no
estilo de vida e a urbanização. Também influencia esse cenário a falta de
acesso a um atendimento oftalmológico de qualidade”, ressaltou o conselho, em
nota.
Brasil
O CBO destaca que, assim
como a idade, a pobreza também conduz à perpetuação de problemas de saúde,
incluindo a saúde ocular. A estimativa é que o país tenha 1,5 milhão de pessoas
cegas, sendo 948,1 mil em grupos economicamente vulneráveis; 857 mil na chamada
classe média; e 174 mil entre os com maior poder aquisitivo.
“Além de ser mais recorrente
em pessoas de menor renda, a deficiência visual também causa maior impacto
nessa parcela da população que, com a chegada do problema ocular, sofre as
consequências de produtividade e as dificuldades de acesso às fases de
reabilitação e de educação dos cegos.”
De acordo com o relatório,
os efeitos econômicos da deficiência visual podem ser divididos em dois tipos:
custos diretos gerados pelo tratamento das doenças oculares, incluindo serviços
médicos, produtos farmacêuticos, pesquisa e administração; e custos indiretos
relacionados à perda de ganhos e os gastos com recursos visuais, equipamentos,
reformas em moradias, reabilitação, perda de receita fiscal, além da percepção
de dor, sofrimento e morte prematura resultantes do problema visual.
“Para se ter uma ideia da
dimensão dos números, em 2012, os custos globais diretos com a cegueira foram
estimados em U$ 25 bilhões, o que pode ser, no mínimo, multiplicado por dois,
quando levamos em conta os custos indiretos”, avaliou a entidade.
Prevenção
Dentre as estratégias
apontadas pelo documento para reverter esse cenário está o conhecimento real
sobre a incidência e prevalência de dados sobre a saúde ocular, algo classificado
como “fundamental” para definição e planejamento de políticas públicas
específicas.
Outro ponto considerado
importante é conhecer o número de médicos oftalmologistas disponíveis para
coordenar ações de prevenção, diagnóstico e tratamento de problemas oculares.
“De posse dessa informação, a gestão pode desenvolver planos de ação com a
disponibilidade de força de trabalho especializada, identificando possíveis
lacunas no atendimento e possibilitando o ajuste dos planos de recursos
humanos”.
O relatório aponta ainda a
necessidade de ampliar o acesso a serviços oftalmológicos e monitorar o volume
de procedimentos realizados. “Segundo os especialistas, ao estabelecer metas e
acompanhar indicadores, é possível traçar estratégias mais precisas para combater
a deficiência visual e garantir o acesso igualitário a serviços oftalmológicos
de qualidade em todo o mundo.