Especialistas estão em alerta com a chegada de uma nova praga em potencial no Brasil. Predador de pequenos animais, destruidor de lavouras e transmissor de doenças, o estorninho é um pássaro considerado como uma das cem piores espécies exóticas invasoras pela União Internacional para a Conservação da Natureza – IUCN.

As aves dessa espécie voam em grandes grupos e chegaram ao país pelo Sul, tendo se espalhado por ao menos cinco cidades gaúchas, estando sendo acompanhados por engenheiros florestais.

O sturnus vulgaris é comum na Europa, Ásia e Norte da África, mas chegou ao Brasil pelo Uruguai, país invadido pelos pássaros após migração da Argentina, onde foram introduzidos em 1980.

No Rio Grande do Sul, as aves podem ser vistas em pequenos bandos, em áreas rurais e urbanas. Eles têm 21,5 centímetros de comprimento, pesam de 70 a 100 gramas, com coloração escura, manchas brancas nas pernas e plumagem iridescente no peito, nuca e costas. É predadora de invertebrados nativos e causa danos agrícolas a lavouras e pomares.


A engenheira florestal Sílvia Ziller explica que eles são onívoros. “Isso significa dizer que se alimentam tanto de vegetais quanto de proteína animal. Gostam muito de frutas e grãos e podem se tornar um sério problema para a agricultura. Além de carregarem várias doenças e parasitas, como salmonela, toxoplasmose, ácaro e carrapatos. São, portanto, um risco ambiental, econômico e de saúde pública. E se reproduzem prolificamente: uma fêmea pode gerar três ninhadas de 4 a 6 ovos numa única estação reprodutiva”, explica.

Nos Estados Unidos, esses pássaros causam estragos anuais de cerca de US$1 bilhão, prejuízos decorrentes de colheitas, especialmente de árvores frutíferas, e destruição de habitats invadidos.

O Brasil ainda não possui um protocolo de resposta para impedir a disseminação da espécie, vista no país pela primeira vez ainda em 2014. “Estão em elaboração protocolos de detecção precoce e resposta rápida à invasão por novas espécies. O estorninho é só um exemplo de espécie que chega, é notificada, mas nada é feito para impedir o impacto”, concluiu a Ziller.

O Governo do Estado do Rio Grande do Sul ainda não se manifestou sobre as ocorrências.