As exportações da China cresceram, em junho, no ritmo mais rápido registrado em cinco meses, uma vez que as fábricas se recuperaram após a suspensão dos lockdowns contra a covid-19. Mas uma desaceleração nas importações, novos surtos de vírus e a piora do cenário global apontam para um caminho acidentado para a economia chinesa.
Analistas dizem que a
recuperação das exportações reflete o abrandamento das interrupções da cadeia
de abastecimento e do congestionamento dos portos que afetaram a economia na
primavera, quando o governo implementou lockdowns generalizados.
Segundo dados oficiais da
alfândega, as exportações, em junho, aumentaram 17,9% em relação ao ano
anterior, o crescimento mais rápido desde janeiro, em comparação a um
ganho de 16,9% visto em maio e muito acima da expectativa de aumento de
12%
"Este salto reflete a
flexibilização das interrupções na cadeia de suprimentos que resultam de lockdowns e,
o mais importante, menos gargalos nos portos", disse Julian
Evans-Pritchard, economista sênior da China na Capital Economics
As exportações de automóveis
contribuíram para o crescimento robusto. A China exportou 248 mil veículos
em junho, 30,5% a mais do que no mesmo período do ano anterior
Entretanto, os economistas
dizem que a força das exportações provavelmente desaparecerá conforme o aumento
das taxas de juros globais para conter a inflação começar a afetar a demanda e
o crescimento econômico.
A ameaça de novas restrições
contra a pandemia também paira sobre as empresas e as famílias, enquanto a
guerra da Ucrânia colocou uma pressão renovada sobre as cadeias de abastecimento
mundiais e elevou os custos operacionais dos exportadores.
O comércio exterior da China
ainda enfrenta instabilidade e incerteza, disse Li Kuiwen, porta-voz da
Administração Geral de Alfândega, em uma conferência de imprensa em Pequim.
Graças às medidas de
estímulo do governo e às suspensões dos lockdowns, a economia da China
começou a recuperar alguma tração no mês passado. Pesquisas oficiais e privadas
mostram que a atividade industrial do país melhorou em junho, após três meses
de declínio, enquanto o setor de serviços apresentou uma recuperação
impressionante.
O abrandamento das
importações, entretanto, levantou questões sobre a força da recuperação.
As importações aumentaram
apenas 1% em junho em relação ao mesmo período do ano anterior, desacelerando
em relação ao ganho de 4,1% de maio, pressionadas pela redução das importações
de commodities e pelo consumo interno moderado em meio aos lockdowns.
A expectativa de analistas era de um aumento de 3,9%.