Os pesquisadores do Observatório Covid-19 da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), divulgaram ontem (10) nova edição do boletim de saúde em que defendem como medida fundamental o passaporte de vacinas, devido às mudanças no cenário epidemiológico no Brasil e no mundo com relação à transmissibilidade e à disseminação das novas variantes.
Além disso, as notas
técnicas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) apontam
recomendações que visam estabelecer uma nova política de fronteiras e de
restrições, alinhadas às medidas de outros países que estudam adotar a medida.
Os pesquisadores afirmam que
“mantemos a defesa incondicional do passaporte vacinal. Grande parte dos países
põem restrições para evitar o alastramento da covid-19 nos seus territórios. O
Brasil não pode caminhar na contramão, sob o risco de se tornar o destino de
pessoas não vacinadas, que oferecem mais riscos para a difusão da doença”.
Eles também observam que a
ausência e a qualidade dos dados disponíveis geram incerteza na descrição do
quadro epidemiológico. “Há problemas nos dados disponibilizados sobre a
covid-19, incorrendo em significativa subnotificação”, ressaltam.
O boletim informa que
“apesar da melhora dos indicadores epidemiológicos da covid-19 no país, o
boletim ressalta que merecem atenção fatores como o aumento do fluxo de pessoas
- inclusive com a entrada de muitas no país - e a dispersão mundial da Ômicron,
nova variante de preocupação”.
O documento alerta ainda
que, embora o avanço da cobertura vacinal no país esteja trazendo benefícios
para a mitigação da pandemia, esta estratégia não pode ser tratada como a única
medida necessária para interromper a transmissão do vírus entre a população.
A Fiocruz reforça a
importância do monitoramento da intensidade com que as pessoas retornam a
circular pelas ruas, diante da proximidade das festas de fim de ano e das
férias escolares.
População nas ruas
O documento aponta que,
desde setembro, observa-se que há mais pessoas circulando nas ruas do que
durante o período imediatamente anterior à pandemia e que “o aquecimento do
turismo já se reflete neste indicador”.
Os dados mostram que, desde
o final de novembro, a permanência domiciliar alcançou os níveis mais baixos
dos últimos 20 meses, mostrando-se cerca de 10% menor que no período do
primeiro trimestre de 2020.
Segundo os pesquisadores,
"os dados permitem dizer que há circulação de grande intensidade e este
padrão é especialmente preocupante em um cenário no qual os índices de
transmissão estão estáveis e ainda altos no país.”
Síndromes Respiratórias
Nas duas últimas semanas
epidemiológicas, a estimativa de incidência no país de casos de síndrome
respiratórias agudas graves (SRAG) mostrou manutenção da tendência de ligeiro
aumento no país, com registro de casos graves que podem levar a hospitalizações
e óbitos.
Apesar dos casos de SRAG
reportados no país permanecerem com predominância de infecções pelo novo
coronavírus, há municípios, como o Rio de Janeiro, registrando muitos casos de
influenza A, com possibilidade de disseminação para outros municípios e
estados.
Diante desse cenário, o
boletim alerta para que sejam mantidos os esforços na vigilância de Influenza
em todo o país. “Continua importante o avanço da vacinação contra covid-19,
aliado a várias recomendações que suprimem ou mitigam a transmissão. Será
importante manter os esforços focados em todas estas frentes para possibilitar
uma redução sustentada das incidências de SRAG nas próximas semanas”.