O inverno no Hemisfério Sul começa no próximo dia 21. E para celebrar a nova estação, reproduzimos uma matéria do Climatempo sobre uma das bebidas mais procuradas nos meses mais frios do ano. Mas você acha que o vinho é uma exclusividade do inverno? Acompanhe então a entrevista com o enófilo Carlos Cabral, autor de diversos livros, entre eles o Presença do Vinho no Brasil - Um Pouco de História, que explicou e deu dicas maravilhosas para a nova estação.

A altitude, combinada com os sistemas de alta pressão que derrubam as temperaturas durante o inverno, causam um ar charmoso e convidativo para os românticos que apreciam um vinho. E é sobre essa bebida tão glamourosa e apreciada no mundo inteiro que Carlos Cabral, um dos maiores especialistas brasileiros em vinho, falou sobre como apreciar a bebida.

 

Atenção com a temperatura

 O frio pede aconchego e, com isso, tendemos a comer e beber mais. Isso acontece porque temos de armazenar energias. E a vantagem em escolher um vinho é que esta bebida é também um alimento que, além de aquecer, faz bem à saúde. O vinho é um potente vasodilatador coronário e periférico, que estimula a circulação. Com isso, nos sentimos melhor e a sensação de frio passa rapidinho.

 

Mas, existe alguma uva que seja mais indicada para diferentes temperaturas?

"Com temperatura ambiente, em torno dos 17ºC ou abaixo deste número, todo vinho tinto é bem vindo. Esse tipo de vinho tem mais corpo e complexidade, portanto faz muito bem. Nada impede de degustar um vinho branco, e se a temperatura externa for por volta dos 10ºC, e só deixar a garrafa exposta ao tempo, na sombra por 20 minutos, que logo a bebida estará na temperatura ideal para consumo. Se dentro de casa a temperatura for de 10ºC, aí é recomendado abrir antes o vinho tinto e deixá-lo se aclimatar - os franceses chamam de 'Chambre', ou seja, o vinho tinto deve estar acima de 10ºC para ser melhor aproveitado", explica.

Carlos afirma ainda que todos os vinhos são recomendados, mas aqueles que têm adição de aguardente vínica, como os vinhos do Porto, o vinho Madeira ou o Moscatel de Setúbal são bem apropriados para nos aquecermos mais rápido, pois estes têm uma graduação alcoólica entre 16ºC e 21ºC.

 

Vinhos em todas as estações

Mas os vinhos não são uma exclusividade do inverno. Apesar da maioria das pessoas associarem a bebida aos dias mais frios do ano, Carlos Cabral explica que os vinhos podem e devem ser degustados a qualquer momento. No alto do verão, não é errado colocar uma garrafa de vinho tinto para refrescar, já que tomar um vinho tinto à temperatura ambiente de 32ºC não faz nada bem. Já os brancos devem ser refrigerados e/ou gelados, pois são mais refrescantes com temperaturas baixas.

Então, não importa a temperatura, qualquer tipo de vinho, desde que lhe seja atribuída uma temperatura agradável para consumo, é indicado para qualquer estação do ano.

No entanto, o que vale prestar atenção é quando a temperatura ambiente está acima dos 29ºC. Nesta condição, o vinho tinto deve ser refrescado até atingir uma temperatura de 18ºC ou 16ºC.

"É de muito incômodo digestivo degustar vinho tinto em altas temperaturas, não desce bem!", afirma Carlos.

Agora, quando falamos de Espumantes e Champagnes, brancos, tintos ou rosés, a temperatura correta é de 6ºC, bem geladinhos!

 

América do Sul é destaque na produção de vinhos

 Ouve-se muito falar nos vinhos do Porto, dos vinhos da França e da Espanha, mas a América do Sul não deixa nada a desejar. Várias regiões merecem destaque pela produção de vinhos, como é o caso do Brasil, da Argentina, do Chile e do Uruguai, que têm uma grande seleção de vinhos comuns, vinhos excepcionais e até alguns ícones. O Cabernet Sauvignon do Chile se destaca e é amplamente apreciado. Outros exemplos são os vinhos da uva Malbec, um grande privilégio da Argentina, e a uva Tannat, considerada a querida dos degustadores de vinhos saudáveis do Uruguai.

Para fechar a lista de exemplos da América do Sul, os espumantes brasileiros reinam absolutos pois, segundo Carlos, nossa qualidade nesse tipo de vinho só fica atrás dos champagnes da França. E com certeza o clima dessas regiões é o grande diferencial para a produção desses vinhos.

Cada uva depende de um solo específico e de temperaturas adequadas para que se obtenha seu maior potencial, esses são os principais fatores na elaboração de grandes vinhos.

 

 Curiosidades

Além da Região Sul do país, que concentra a maior quantidade de vinícolas do país, temos uma curiosidade. Você sabia que existe uma produção de vinhos na região do Vale do São Francisco, mais precisamente entre os estados de Pernambuco e Bahia? Carlos Cabral explica que são mais de 40 anos insistindo na produção nesta região. Parece muito, mas não quando se fala em vinho.

A região do Vale do São Francisco já tem destaque para duas uvas produzidas por lá, a Moscatel, que dá origem à Espumantes doces, delicados e bastante aromáticos, e também os potentes vinhos produzidos a partir da uva Syrah.

"Vinhos para gente grande! Um verdadeiro show de produção e qualidade superiores", afirma Cabral.

E para você que está começando no mundo dos vinhos, está a fim de uma dica para iniciantes? Carlos Cabral recomenda:

"Se você aprecia mais um vinho branco, vá de Sauvignon Blanc da América do Sul. Se for tinto, vá de Merlot do Brasil. Mas, se desejar ser bem diferente, vá de espumante brasileiro, sempre uma boa pedida!".