Maria José Dal Bó Giovaneti Polastre, carinhosamente conhecida como Zezé Giovaneti, nascida em 22 de novembro de 1943, atualmente com 78 anos, é filha de Pedro Giovaneti e Dozolina Dal Bó Giovaneti, mãe de José Ricardo e Maria Tereza, vó do Bento.

O Gente que Entende de hoje, traz um pouco da trajetória e da vida pessoal dessa pessoa que desde muito cedo se dedicou aos estudos e à arte do magistério, fazendo a diferença na vida de cada um dos muitos alunos que tiveram o prazer de cruzar o seu caminho.

E será através dela mesma que a conheceremos mais e melhor. Eis:

“Eu nasci na zona rural, no bairro Mato Dentro, que à época pertencia ao Município de Tietê, mas, hoje, integra Cerquilho. Meus pais, embora não tivessem concluído os estudos, especialmente minha mão, que era semianalfabeta, sempre se preocuparam em educar a mim e meus irmãos, valorizando no último a educação."

“Até o terceiro ano do ensino fundamental, estudei na escola mista do meu bairro e me lembro bem da minha primeira professora, Silvia de Toledo, mão do Dr. Sérgio Toledo e da Ana Maria.”

“A presença das minhas professoras sempre foi cultivada pela minha mãe, eram todas pessoas muito respeitadas. Elas iam de charrete para a escola, na zona rural, e eram extraordinárias, de consciência muito grande.”

“Nós éramos cinco filhos e minha mãe, apesar de semianalfabeta, sempre quis que completássemos os estudos. Assim, terminei o Fundamental I no Luís Antunes, seguindo, então, para a Escola Plínio Rodrigues de Moraes, onde completei o ensino médio.”

“Formada, ingressei no curso de História da Faculdade de Filosofia de Sorocaba, no ano de 1965 e o concluí em 23 de dezembro de 1968, passados quatro anos. As aulas eram ministradas de segunda a sábado e eu pegava o trem que saía de Cerquilho para assisti-las. Naquela época eram poucas as pessoas que cursavam o ensino superior.”


“Posteriormente, na década de 1970, cursei Pedagogia e Estudos Sociais na Faculdade de Filosofia Nossa Senhora do Patrocínio de Itu, a Ceunsp, e mais recentemente, já na década de 2000, fiz uma pós-graduação em História e Geografia."

“Voltando. Na minha casa havia 16 pessoas e desde jovem, de pequena aliás, nos foi cultivado imenso respeito pela educação, inclusive alguns membros da minha família eram professores, como era o caso do Valter Giovaneti, que lecionava matemática, e da Dalgiza Coan, graduada pela USP. Estas duas pessoas exerceram grande influência sobre a minha carreira.”

“O primeiro dia em que lecionei foi em 25 de agosto de 1967, na Escola Plínio, quando eu estava ainda no terceiro ano do meu curso. Cheguei a lecionar em diversas escolas de Tietê, Cerquilho, Osasco, Capivari e outras cidades. Exerci o magistério por 53 anos, parei apenas em 2020, quando lecionava no Absoluto Anglo, minha última escola.”

“Deste período da minha vida profissional guardo imensas lembranças, porque o que hoje me restou foram principalmente as amizades. Graças a Deus sempre conquistei um mundo de amizades. Sei que muitas pessoas me querem bem e sei, também, que as quero muito bem. No fim, acho que é o que me basta, a amizade.”

“Durante estes 53 anos que lecionei evidentemente que muitas mudanças aconteceram no âmbito da educação. Surgiram novas leis, novos projetos, novas pessoas, cada uma criada à sua maneira, e logicamente que essa pluralidade acaba por levar à mudanças, mesmo com relação ao governo.”

“Nem sempre o governo se preocupa tanto com a educação como deveria, algo que nos falta muito, e claro que há, sim, uma falta de respeito pela própria educação, pois me lembro de que quando estava ainda no ensino fundamental a preocupação com essa questão era muito maior, até mesmo por parte das famílias. Hoje a educação acabou deixando de ser prioridade para muitos.”

“E como disse, as crianças são criadas de maneiras diferentes atualmente. Enquanto professores, devemos nos adaptar às novas situações, evoluir, evidentemente. Tome a história como exemplo, é uma ciência viva, que se modifica, está em constante evolução. Assim, o profissional da educação deve ser uma pessoa atuante, que deve ler e se preocupar muito com o ser humano.”


“Claro que não sou melhor do que ninguém, mas sempre me preocupei com o ser humano que há por trás da figura do aluno. Sempre procurei os respeitar, pois é tratando com respeito que o respeito vem.”

“Como lecionei por muito tempo, tenho pessoas que foram alunos meus que hoje se ocupam dos mais diversos ramos profissionais, desde diplomatas à mecânicos e vaqueiros. O que me importa é vê-los de maneira semelhante, porque cada um deles contribui à sua maneira para a nossa sociedade.”

“Até o ensino médio eu estudei em escola pública, hoje desprestigiada e não somente por parte do governo, mas pela sociedade de maneira geral. Acontece não podermos ver as escolas públicas desta forma, pois grandes serem humanos ocuparam os assentos destas instituições são hoje estelhos da família, do sistema de saúde, da educação e assim por diante. As escolas públicas devem ser respeitadas, valorizadas.”


“Claro que nem sempre estas instituições têm os recursos adequados, mas se tenho a certeza de que se cada um contribuísse com as escolas públicas, elas seriam excelentes. Aliás, temos excelentes instituições públicas de ensino.”

“É importante que nos preocupemos com estas questões para que possamos ver melhorias, para que evoluamos. Não adianta somente cruzar os braços e esperar por atividades positivas, temos que participar ativamente de todo o processo.”

“Como mencionei, comecei a lecionar quando ainda estudava, sem ter experiência alguma. Minha primeira classe que entrei foi no primeiro magistério, que faz uma falta imensa para a formação profissional, diga-se de passagem. E claro que passei por muitas dificuldades, afinal eu era mais jovem do que muitos alunos da sala. Lutei muito para me adaptar, mas sempre recebi bastante apoio, sempre procurei ser consciente do meu papel e aos poucos fui me firmando.”

“Naquela época eu substitui uma professora chamada Branca Maganeti, já falecida, pois havia engravidado. A partir daí fiquei anos no Plínio, mais de quarenta. Prestei concurso e fui para Osasco, de lá voltei para Capivari, na Escola Augusto Castanho, e daí em diante passei a lecionar em tudo quanto era escola, como no Carlina, Eleutério, Vianna, Luis Antunes, Objetivo e Absoluto Anglo, onde fiquei por 20 anos.”

“Em todas elas fui muito feliz, recebi um apoio maravilhoso e sempre procurei o corresponder à altura. Se me perguntarem se fui feliz em minha profissão, de imediato respondo que muito, porque a riqueza maior que tenho é a amizade, algo primordial.”

“Eu costumo sempre citar um pensamento do Rubem Alves, que dizia: ‘eu não cheguei onde quis chegar, cheguei onde meu coração me levou sem que eu soubesse’. Uma verdade! Meu coração chegou a um lugar sem que eu soubesse, mas um lugar em que havia Sol e meus amigos esperando.”

Uma escola em sua homenagem

“Eu tive a honra de receber uma escola com meu nome, a EMEB no Bertola. Recebi esta homenagem graças à uma indicação do vereador Fernando Souza, filho do Sr. Élio Souza, e terminei tendo meu nome aprovado por outras pessoas, como o Prefeito Basílio.”


“A escola foi inaugurada em 2012, na época de José Carlos Melaré e Sulleiman. Tenho um imenso respeito por todos e é com imenso prazer que a visito, procuro abraça-la dentro do respeito profissional.”

“Ela é muito bem dirigida. Grandes pessoas trabalham lá, desde merendeiras até os secretários, professores e demais ligados a ela. Digo que não é minha escola, é nossa escola.”

O fim?

“Eu já estou com 78 anos, parei aos 77, mas claro que não por vontade própria. Durante a pandemia não era conveniente continuar. Se me perguntar se fiquei triste, é claro que fiquei, mas tenho a consciência de que fiz o possível para orientar aquelas pessoas humanas, que tanto eu respeito e que moram no meu coração. Como disse a eles, ‘eu parto, mas fica com vocês o meu coração’.”

“Hoje eu acompanho o que acontece na educação, procuro ler na medida do possível sobre tudo, ou quase, sobre os mais variados. Eu ajudo a minha filha, que também é professora, a cuidar do meu neto Bento, pois ela leciona em Tietê e Cerquilho. Meu filho, por sua vez, é secretário da Escola Glacy. Os dois estão na educação, o que me enche de orgulho.”

Vida amorosa

“Para dizer a verdade, nunca tive muitos namorados. Comecei a namorar o José Edeval Polastre, ficamos juntos por seis anos e, então, nos casamos. Assim permanecemos por mais de 30 anos. Tivemos dois filhos, como disse, e moramos sempre no mesmo lugar.”


“Nos conhecemos nos esbarrando pelas ruas. Ele trabalhava no Banco Alfamares e tínhamos um amigo em comum, que nos serviu de garoto de recados. No fim, noivamos e casamos em 07 de julho de 1974, mas hoje estou viúva há 11 anos.”

Família

“Minha família, sem demagogia da minha parte, era extraordinária. Minha mãe era doméstica, meu pai era comerciante. Vim para a cidade com dez anos. Evidentemente eu sofri a beça ao me mudar para a casa dos parentes, Adelaide e Luis Giovaneti, com quem vivi por muitos anos, mais de 40 pelas minhas contas.”

“Me casei quando estava ainda com ela, pois ele, meu tio, já havia morrido. Meu marido trabalhava em Campinas e continuei morando com ela até sua morte, com quase 90 anos. Minha mãe faleceu antes dela, em 1996.”

“Ainda tenho meus irmãos, quatro mulheres e um homem, e temos muito respeito uns pelos outros. Costumamos nos encontrar lá no Mato Dentro mesmo, onde eles têm propriedade. Nos encontramos com primos e tios também para o Natal, passagem de ano... enfim, minha família é muito unida.”

“Dos irmãos do meu pai, que eram dez, só resta uma tia, que chamamos de Tia Nide, que tem 92 anos. Só ela restou. E da família da minha mãe, todos, infelizmente, morreram. Eu tenho três primos padres, dois do Dal Bó e um do Giovaneti.”

Considerações finais

“Se eu fosse mandar um recado para as pessoas todas com quem convivi, meus familiares, amigos e alunos, seria de agradecimento, de gratidão. Eu até pediria a Deus para aumentar o meu coração, para que todas essas pessoas coubessem nele, bem do lado direito desse meu coração. E para onde irei, eu os levarei neste meu coração. Obrigada a todos e a vocês.”

E por toda essa história de dedicação à educação, aos amigos e familiares, por toda a presença marcada e diferença feita na vida de tantos que a conheceram, o GNTC afirma que Zezé Giovaneti é Gente que Entende de... EDUCAR.