Diretora do Ministério da
Saúde fala sobre o tema no Brasil em Pauta
Em 2020, foram estimados cerca
de 2,3 milhões de novos casos de câncer de mama no mundo, o tipo que mais causa
mortes entre as mulheres. Praticamente, um a cada quatro diagnósticos de câncer
na população feminina é de mama. Em algumas regiões do planeta, como Ásia,
África e América do Sul, essa prevalência vem aumentando à medida que se
intensificam processos de migração que expõem a população a novos fatores
sociais e ambientais.
“Acredita-se que essas
diferenças internacionais e esse aumento da prevalência em determinados locais
estejam relacionados mais a mudanças sociais que ocorreram durante o processo
de industrialização. Os estudos sobre padrões migratórios são consistentes com
a importância dessas mudanças, tanto culturais quanto ambientais”, disse a
diretora do Departamento de Saúde Materno-Infantil da Secretaria de Atenção
Primária do Ministério da Saúde, Lana de Lourdes Aguiar Lima, entrevistada do
programa Brasil em Pauta neste domingo, que vai ao ar às 22h30 na TV Brasil.
Fatores demográficos também
estão por trás do aumento da incidência do câncer de mama, como a crescente
população de mulheres com sobrepeso ou obesidade após a menopausa e o aumento
do número de mulheres que decidem não engravidar ou que tem sua primeira gravidez
em idade mais avançada. Além disso, o próprio aumento da expectativa de vida,
bem como a incidência do alcoolismo e tabagismo entre as mulheres contribuem
para a elevação do número de casos de câncer de mama.
No Brasil, não é diferente, o
câncer de mama é o que mais mata. Por ano, são 11,84 óbitos a cada 100 mil
mulheres no país - mais do que outros tipos de câncer que ocorrem na população
feminina.
Outubro Rosa
Embora seja focado no combate
ao câncer de mama, o Outubro Rosa é uma campanha que procura despertar para a
importância da saúde ampla e integral da mulher, com ênfase nas ações de
prevenção que conseguem diminuir o risco de doenças no público feminino: o
controle do peso e da gordura corporal, terapias hormonais e o combate aos
hábitos de vida negativos, como o alcoolismo, tabagismo e o sedentarismo.
“Estudos observacionais
sugerem que a atividade física está associada ao menor risco de câncer de mama.
A redução do risco visto com a atividade física provavelmente não é mediada
apenas pelo controle do peso. A atividade física pode diminuir o risco do
câncer de mama através de influências hormonais e pode também reduzir a
recidiva do câncer na população sobrevivente. Seguir um programa de atividade
física regular, minimizar o consumo de álcool e abster-se de fumar são cuidados
associados cientificamente à redução do risco e da melhor qualidade de vida
dessa população”, disse Lana.
Há inclusive um programa do
Ministério da Saúde que repassa recursos federais para adequar unidades de
atenção primária à realização de atividades físicas. Esse incentivo pode ser
usado tanto para contratação de profissionais de saúde e aquisição de
materiais, como também para qualificar os ambientes onde serão oferecidas as
atividades.
Uma ação importante da campanha
Outubro Rosa é a realização da mamografia, um exame essencial para a detecção
precoce do câncer de mama, o que aumenta muito as chances de cura das
pacientes. Ele contribui para o rastreamento da doença em mulheres de 50 a 69
anos, e deve ser feito a cada dois anos, pelo menos. Na ausência da mamografia,
seja no período entre um exame e outro, como também em mulheres mais jovens, a
identificação de uma massa na mama é suficiente para diagnosticar o câncer e
encaminhar a paciente para tratamento.
SUS
O Sistema Único de Saúde (SUS)
atende gratuitamente mais de 190 milhões de pessoas no Brasil. Com total
capilaridade, chega às regiões mais remotas do país, o que auxilia muito no
diagnóstico e combate a doenças como o câncer de mama. A atenção primária à saúde
é a porta de entrada para o cidadão que procura o SUS atrás de exames e
diagnósticos, como explica a diretora.
“Na atenção primária são
feitas ações de promoção, de prevenção e de detecção primária do câncer. Quando
há suspeita de câncer de mama, essas mulheres devem ser encaminhadas à média
complexidade, para complementar essa investigação iniciada na atenção
primária”, disse Lana.