Estudo aponta que eles estão menos otimistas
com o futuro
Quatro em cada dez jovens que
buscam trabalho avaliam seu estado emocional como ruim ou péssimo, apontou um
relatório sobre Trabalho e Renda que foi divulgado ontem (10) durante a IV
Conferência Movimento Mapa Educação, realizada em São Paulo. O relatório,
produzido pelo Itaú Educação e Trabalho, foi feito com 14.510 jovens
brasileiros entre 15 e 29 anos e integra a pesquisa Juventudes e a Pandemia: E
agora?, que é coordenada pelo Atlas das Juventudes.
A pesquisa, que foi realizada
de forma online entre os dias 18 de julho e 21 de agosto de 2022, demonstrou
que o bem-estar psicológico está estreitamente relacionado às perspectivas de
trabalho entre os jovens. Isso significa que os jovens que estão procurando
trabalho são os que relataram estar mais fragilizados nesse aspecto. Entre os
que trabalham, os que avaliam seu estado emocional como ruim ou péssimo é
menor, atingindo 21% dos entrevistados. Já entre os que não trabalham e não
estão procurando trabalho, 27% disseram estar acometidos por esse sentimento.
“O estudo mostra que os jovens
em busca de inserção no mundo do trabalho estão mais pessimistas sobre as
percepções de futuro para suas vidas e têm taxa maior na avaliação do próprio
estado emocional como ruim ou péssimo. Isso nos sinaliza que a saúde mental
precisa ser vista como prioridade e que é necessário ampliar as oportunidades
de educação e trabalho para essa população, para que melhorem as condições de
suas vidas e, também, tenham perspectivas mais prósperas para seu futuro”,
disse Diogo Jamra, gerente de Advocacy e Articulação do Itaú Educação e
Trabalho, um dos responsáveis pelo estudo.
Os jovens que estão procurando
trabalho também são os que possuem mais medo de passar por dificuldade financeira
(45%) ou de não conseguir um trabalho (26%). Já entre os que trabalham, 34%
dizem temer passar por dificuldade financeira e 18% temem perder o emprego ou
não conseguir um novo trabalho.
Além de serem menos afetados
por questões de saúde mental, os jovens com emprego são também mais otimistas
com relação ao futuro. Cerca de 44% dos jovens com emprego disseram que suas
expectativas são positivas, enquanto essa condição cai para 34% entre os jovens
que procuram um trabalho. Os mais otimistas são os jovens que não trabalham e
não procuram um emprego: 48% deles revelaram ter uma boa perspectiva de futuro.
Pandemia
A pandemia do novo coronavírus
afetou a forma como o jovem encara o mundo da educação e do trabalho. Segundo a
pesquisa, todos os perfis de entrevistados (que trabalham, buscam trabalho ou
não trabalham e não buscam trabalho) tem o sentimento de que “ficaram para trás
no aprendizado”. Esse sentimento é maior entre os que não trabalham (65%), mas
atinge também os que procuram trabalho (59%) e os que estão empregados (54%).
“Os jovens relatam impactos da
pandemia em suas vidas na educação e no trabalho. O sentimento de ‘ficar para
trás no aprendizado’ é comum entre todos os jovens, mas, ainda que se preocupem
com a defasagem provocada pela pandemia, a grande maioria pretende continuar
estudando. E, para isso, eles indicam que os conteúdos mais importantes para o
momento são de preparação para o mundo do trabalho”, disse Jamra, em entrevista
à Agência Brasil.
“Mais de 6 a cada 10 jovens,
independente da sua condição de trabalho, estão muito ou parcialmente otimistas
quanto à aproximação da educação e do mundo do trabalho. Além disso, 7 a cada
10 jovens que trabalham passaram a buscar mais cursos para qualificação pessoal
ou profissional por causa da pandemia. Essa é uma sinalização evidente de que
os jovens avaliam a educação como um caminho para auxiliá-los a trilhar sua
trajetória profissional”, acrescentou ele.
Reivindicações
Para lidar com os efeitos da
pandemia na educação e oferecer melhores condições de vida a esses jovens, a
pesquisa demonstrou que será necessário ampliar as condições de acesso à
educação profissional e ao trabalho. Durante o estudo, os jovens relataram que
precisam de políticas de bolsas de estudos e de auxílios estudantis e de uma
maior oferta de cursos de qualificação profissional e de empregos formais.
“A pesquisa traz importantes
indicativos que devem ser contemplados pelos governantes eleitos em seus
mandatos. Os jovens sinalizam quais são as ações prioritárias que devem ser
desenvolvidas pelo poder público e, também, privado. No campo da educação, os
jovens pedem por ampliação de oportunidades de educação profissional, políticas
de bolsa de estudos, metodologias para trabalhar o desenvolvimento de
habilidades em geral e ações que os apoiem a elaborar seus projetos de vida. No
campo do trabalho, os jovens pedem, principalmente, por ampliação da oferta de
cursos de qualificação profissional, oportunidades para incentivar projetos das
juventudes, novas dinâmicas de trabalho e estímulo para surgimento de novos
trabalhos e empregos formais”, falou Jamra. “O jovem quer – e precisa – de
apoio para dar continuidade aos estudos, bem como ter melhores perspectivas
para estar inserido no mundo do trabalho”, acrescentou ele.