Christian Dior foi um estilista francês, fundador de uma das marcas de moda mais famosas do mundo. Apesar de ter cursado Ciências Sociais, seu grande talento para desenhar fez sua carreira um sucesso. Trabalhou com diversos estilistas, adquirindo experiências e conhecimentos até fundar de fato a sua maison (casa de alta costura), em dezembro de 1946. 

Durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), com a mudança drástica da rotina, falta de segurança e higiene, a escassez e racionamento de alimentos, tecidos e as mulheres ocupando cargos anteriormente exclusivos dos homens (que lutavam pelo seu país), as roupas femininas deixaram de ser elegantes e finas e transformaram-se em utilitárias, houve uma “masculinização”. Bolsos largos e fundos, tecidos encorpados, calças (não usadas por mulheres ainda), lenços que passaram a ser usados na cabeça para proteção de fuligens de bombas e destruição, tudo que ajudasse na segurança e mobilidade dessas pessoas que ficaram morando e trabalhando nas cidades. 

Após o término dos tempos sombrios, Dior enxergou uma bela oportunidade de trazer os tempos de paz e feminilidade de volta. A primeira coleção lançada, em 1947, foi grandemente aclamada e batizada como “New Look” pela redatora-chefe, Carmel Snow, da revista Harper’s Bazaar, importante veículo da moda até os dias atuais. Christian abusou das silhuetas femininas, marcando as cinturas, modelando seios e ombros, metros de tecidos finos como a seda, fazendo do corpo uma tela em branco que se transformava em uma obra de arte.


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Claro que não podemos comparar uma Guerra Mundial com a Pandemia que ainda vivemos, mas aproveitando o gancho e o sentido da mudança feita por Christian Dior, como será o nosso comportamento e o posicionamento das marcas de moda pós esse momento delicado? 


Vimos o intenso crescimento por roupas confortáveis. Devido aos trabalhos remotos, aulas escolares à distância, etc. Tendo que ficar em casa (sempre que possível) nos fez aposentar certas roupas, vestidos de festa, calças jeans, e até roupas íntimas. A consultora de moda e stylist Manu Carvalho @manucarvalho (Entrevista Revista Gama) disse que as partes de cima ficaram mais valorizadas durante a pandemia, pois só aparecemos até a cintura diante das câmeras. 

Outro ponto importante a discutirmos é como a crise econômica e a moda se relacionaram e deram um “boom” nos brechós. Um estudo do Prof°. El Kathib (professor da FECAP), publicado no CLAV 2020 (Congresso Latino- Americano de Varejo e Consumo), mostra que o uso de peças antigas de familiares foram uma alternativa de novos looks, devido ao orçamento apertado e lojas físicas fechadas. Costureiras de bairro e alfaiates também foram bem procurados para consertos de peças, e o dinheiro economizado em relação a uma compra nova, foi aplicado naquilo que era necessidade básica. Os brechós são grandes aliados, e têm suas diversas formas: brechós vintages, os de luxo, bazares, brechós onlines, além de serem alternativas sustentáveis. 

Agora com a vacinação caminhando e a liberação das medidas sanitárias contra a COVID-19, festas, casamentos, bares, restaurantes, entre outras atividades estão voltando e permitindo a vida social novamente. Será que o conforto prevalecerá? As pessoas estão mais conscientes? Ou agora, depois desse tempo veremos uma moda dopamina? Alegre, colorida, cheia de informações e novidades? Vamos tirar o “atraso” ou encararemos um novo normal? Até por que a ida ao supermercado para uma boa parcela da população era um grande evento! 

Eu acredito na mistura! 


Quem se interessar, anexo aqui alguns links de estudos importantes que discutem o assunto que abordei: 

https://www.researchgate.net/profile/Ahmed-Sameer-El- Khatib/publication/344929830_COVID- 19_e_o_Anticonsumo_Uma_Analise_dos_Efeitos_da_Pandemia_na_Industria_ da_Moda/links/5f9965f3a6fdccfd7b84d240/COVID-19-e-o-Anticonsumo-Uma- Analise-dos-Efeitos-da-Pandemia-na-Industria-da-Moda.pdf 

https://repositorio.ifsc.edu.br/bitstream/handle/123456789/2303/tcc.valeria_card oso_martins.pdf?sequence=1&isAllowed=y 

https://issuu.com/iltontei_pucrs/docs/moda_relat_rio 

https://gamarevista.uol.com.br/estilo-de-vida/moda/a-moda-e-a-pandemia- cinco-tendencias-que-vieram-para-ficar/