O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) anunciou hoje (11) a abertura de um inquérito civil para apurar a conduta do município de Capitólio (MG) na tragédia que levou 10 pessoas à morte. O episódio ocorreu no último sábado (8) após o deslizamento de uma rocha do cânion do Lago de Furnas, uma das principais atrações turísticas da região.
O bloco de pedra despencou por volta de 12h30 no local
onde estavam lanchas que transportavam dezenas de turistas. Logo depois do
ocorrido, imagens gravadas por quem estava em embarcações menos afetadas se
disseminaram pelas redes sociais.
De acordo com o MPMG, será apurado se a prefeitura
cumpriu obrigações de identificação, mapeamento e fiscalização das áreas de
risco. Os promotores também querem saber se a população estava suficientemente
informada sobre os riscos dessas áreas. Será o terceiro inquérito aberto. Outra
investigação já está em andamento pela Marinha, responsável por fiscalizar a
navegação e estabelecer o ordenamento da orla nos cursos d ́água.
Responsabilidades serão apuradas ainda pela Polícia Civil, que pretende
recorrer ao auxílio de peritos em geologia.
Segundo o Corpo de Bombeiros de Minas Gerais, todos os
mortos estavam em uma única lancha, embora mais uma tenha afundado e outras
duas também tenham sido fortemente atingidas pelo impacto da rocha no lago.
Vídeos que se disseminaram pela internet mostraram o ponto de vista de outras
embarcações que, mesmo um pouco mais distantes, foram afetadas pela enxurrada
de água que se formou, mas conseguiram deixar o local. Além dos mortos, pelo
menos 24 vítimas precisaram de socorro em unidades de saúde, algumas com
fraturas e escoriações.
Assim como em boa parte do estado de Minas Gerais, um
alto volume de chuvas vem sendo registrado nas últimas semanas em Capitólio,
localizado a cerca de 290 quilômetros de Belo Horizonte. Cerca de duas horas
antes da tragédia, a Defesa Civil de Minas Gerais chegou a emitir um alerta de
cabeça d'água (forte enxurrada em rios provocada por chuvas) para a região. Os
passeios turísticos, no entanto, foram mantidos.
O prefeito da cidade Paulo Sérgio de Oliveira diz que o
desprendimento de um bloco de grande porte é um acontecimento inédito e que uma lei municipal de 2019
disciplina o turismo no cânion, proibindo banhos na área de circulação das
lanchas e limitando a 40 o número de embarcações que podem permanecer por até
30 minutos na área. Ontem, uma reunião entre as prefeituras de Capitólio e da
vizinha São José da Barra foi realizada para discutir medidas voltadas para
reforçar a segurança do turismo no Lago de Furnas.
A empresa Furnas Centrais Elétricas, que é controlada
pela Eletrobras, divulgou nota lamentando o ocorrido e informando que apenas
usa a água do lago para gerar energia elétrica. “Compete ao poder público a
gestão dos demais usos múltiplos do reservatório”, sustenta a empresa,
referindo-se ao controle das atividades turísticas na região.