A Natura concluiu a instalação do
maior conjunto de painéis solares orgânicos do mundo no telhado de um dos
prédios de sua sede em Cajamar, na região metropolitana de São Paulo. Foram
colocados 1.580 painéis numa área de aproximadamente 1.800 metros quadrados,
capazes de gerar 201 KWh por dia. Eles passaram por três meses de testes e, até
o momento, a geração de energia tem contado com alguma sobra. Com os picos de
consumo, porém, ela acaba sendo utilizada na totalidade.
Segundo Josie Peressinoto Romero,
vice-presidente de operações e logística da Natura, a possibilidade de injetar
a energia excedente no sistema e, com isso, ganhar créditos com a distribuidora,
ainda não foi estudada.
"Estamos avaliando se
podemos nos comprometer com uma sobra regular diária, pois, quando tem evento,
não temos excedente de energia", disse Josie.
A energia gerada atende às 21
salas e dois auditórios do Núcleo de Aprendizado Natura (NAN), no qual o
conjunto foi instalado. No edifício, acontece a maioria dos treinamentos de
funcionários e comemorações com colaboradores e consultoras. Caso fosse
colocada na fábrica, no entanto, a tecnologia não conseguiria suprir 100% da
demanda e precisaria ser complementada por outras matrizes energéticas.
"Para fábrica, é mais
vantajoso fazer com painéis solares convencionais", afirmou o conselheiro
da Associação Brasileira de Geração Distribuída (ABGD), Rogério Duarte.
Em Cajamar, todo o complexo
Natura utiliza energia eólica, hidrelétrica e, agora, solar. Os filmes
fotovoltaicos orgânicos, chamados de OPV, utilizados no prédio da Natura têm
apenas 1,5 milímetro e são feitos de polímeros semicondutores, com uma
combinação de cinco camadas de tintas impressas em um filme de plástico PET
reciclável. Eles são melhores em relação aos painéis tradicionais, feitos de
silício, em peso e versatilidade, mas perdem em preço e eficiência.
"A previsão que a gente tem
é de aprender com essa tecnologia, entendê-la em relação a outras, para tomar o
próximo passo", afirmou Josie. "Uma alternativa é ter esse tipo de
instalação em todos os nossos centros de distribuição".
Quem apresentou a tecnologia à
companhia foi a Sunew, uma startup mineira de quatro anos de vida que já
atendeu, além da Natura, Petrobras, Energisa, e Itaú. Por ser um material
flexível e leve, o OPV permite aplicações em diferentes superfícies, inclusive
verticais, como no caso da Petrobras. Os filmes foram aplicados na fachada de
vidro do escritório da petroleira em Santos.
CALOR
No Itaú, uma outra função além da
geração de energia fez o banco adotar o OPV: o conforto térmico. A claraboia de
vidro da área da academia do banco na Torre Walther Moreira Salles, no
Jabaquara, zona sul de São Paulo, esquentava demais o ambiente interno. O OPV
bloqueia 90% dos raios ultravioleta e 75% dos raios infravermelhos e foi
aplicado no local junto com uma película térmica. Segundo Duarte, o uso de
energia alternativa por todos os tipos de empresa no Brasil é um caminho sem
volta.
"Somos um país que tem tudo
para chegar muito rapidamente num potencial importante dentro da matriz
energética", disse. Para a Natura, o uso dos filmes solares é mais um
passo em direção ao objetivo futuro da companhia, de evoluir de uma empresa que
neutraliza carbono para uma que gere impactos positivos ambientais e sociais.
"Estamos trabalhando para devolver ao ambiente mais do que a gente tira
dele", disse Josie.