Se
vivo fosse, em 26 de outubro de 2022, Darcy Ribeiro completaria cem anos. Um
centenário que, infelizmente, foi pouco lembrado e comemorado.
Darcy
Ribeiro nasceu no dia 26 de outubro de 1922, em Montes Claros/MG, foi educador,
antropólogo, político e escritor, sendo considerado um dos mais importantes intelectuais
brasileiros do século XX, inclusive, era detentor de grande prestígio
internacional.
Ao
longo de sua vida ocupou cargos importantes como Ministro da Educação e Senador
da República, lutou pela educação, dedicou-se ao estudo dos povos indígenas e
escreveu dezenas de obras que, por sua relevância, foram traduzidas para os
idiomas inglês, francês, alemão, hebraico e muitos outros.
Um
de seus livros mais importantes: “O povo
brasileiro: a formação e sentido do Brasil” foi o resultado de muitos anos
de estudos e de pesquisas, conforme explica no prefácio, acabou sendo
finalizado quando ele já enfrentava um câncer cujas complicações o levaram a
morte.
Analisando
a formação do povo brasileiro, Darcy Ribeiro discordou daqueles que negavam a
existência de conflitos étnicos, sociais e econômicos, anotando: “O processo de formação do povo brasileiro,
que se fez pelo entrechoque dos seus contingentes índios, negros e brancos,
foi, por conseguinte, altamente conflitivo”.
Esse
reconhecimento dos conflitos e das injustiças, a que foram submetidos os povos
indígenas, africanos e brancos pobres reduzidos à condição de marginais, deram
ao educador força para trabalhar pela democratização do ensino e pela
valorização das matrizes étnicas que formam o povo brasileiro.
Educador
incansável, Darcy Ribeiro nunca abandonou a luta em prol da educação, defendeu
a escola pública, trabalhou para garantir educação integral para todos, foi um
dos fundadores da Universidade de Brasília – UnB, juntamente com seu amigo
Anísio Teixeira e, também, foi um dos formuladores da atual Lei de Diretrizes e
Bases da Educação Nacional – Lei 9394/96.
Homem
esperançoso, ao fazer uma análise dos povos latino-americanos, acreditava que: “Somos povos novos ainda na luta para nos
fazermos a nós mesmos como um gênero humano novo que nunca existiu antes.
Tarefa muito mais difícil e penosa, mas também muito mais bela e desafiante”.
Perseguido
pela ditadura militar foi exilado e passou a viver em diferentes países, tendo
sido convidado a trabalhar pela reforma educacional de países como o México e o
Uruguai, entre outros. Posteriormente voltou ao Brasil e foi anistiado em 1980.
Darcy
Ribeiro faleceu em Brasília, no dia 17 de fevereiro de 1997. Faz muita falta,
ao Brasil de hoje, um homem da inteligência e da competência de Darcy Ribeiro
que como ele mesmo escreveu: “Além de
antropólogo, sou homem de fé e de partido”. “Faço política e faço ciência,
movido por razões éticas e por um fundo patriotismo”.