Por ocasião das comemorações dos 90 anos da Revolução Constitucionalista de 1932, muitos fatos históricos e personagens marcantes foram lembrados. Guilherme de Almeida está entre os personagens marcantes a se destacar.

Guilherme de Andrade de Almeida nasceu no dia 24 de julho de 1890, sendo que, anos mais tarde seria reconhecido como o “Poeta da Revolução de 32”, por seus importantes escritos sobre a Revolução Constitucionalista de São Paulo.

O “Poeta da Revolução de 32” foi um importante jornalista, escritor e advogado, além de ter sido um dos combatentes da Revolução Constitucionalista que, ao término da Revolução, precisou exilar-se em Portugal.

No decorrer ano de 1932, quando São Paulo se levanta contra o governo federal, exige a volta da democracia, a obediência à Constituição e o fim do arbítrio, um dos grandes nomes que conclamou o povo para a luta foi Guilherme de Almeida.

As palavras de Guilherme de Almeida, no conhecido poema “Nossa Bandeira”, ecoam até hoje como exemplo da coragem dos paulistas que, com poucos combatentes e diminutos recursos bélicos, nunca desanimaram da luta e souberam honrar sua terra e sua bandeira:

Bandeira da minha terra

Bandeira das treze listas.

São treze lanças de guerra.

Cercando o chão dos Paulistas!

No esforço da “Guerra Paulista” homens e mulheres de São Paulo dedicaram o melhor de suas vidas e quando os recursos financeiros começaram a faltar, doaram até suas alianças para arrecadar fundos, o que motivou Guilherme de Almeida a escrever o poema “Moeda Paulista” retratando a importância desse ato:

Moeda Paulista, feita só de alianças,

feita do anel com que Nosso Senhor

uniu na terra duas esperanças:

feita dos elos imortais do amor!

De 9 de julho até 28 de setembro de 1932 os combatentes da Revolução Constitucionalista de São Paulo lutaram, com força e coragem, todavia, foram derrotados pelas tropas federais e ante desfecho tão trágico, o poeta escreveu a comovente “Oração ante a última trincheira”:

Agora é o silêncio...

É o silêncio que faz a última chamada...

É o silêncio que responde:

— "Presente!"

Quase no final da “Oração ante a última trincheira”, reconhecendo que os paulistas, ainda que vencidos, deveriam se considerar os verdadeiros vencedores, assim escreveu Guilherme de Almeida:

Esta é a trincheira que não se rendeu:

a que deu à terra o seu suor,

a que deu à terra a sua lágrima,

a que deu à terra o seu sangue!

Esta é a trincheira que não se rendeu:

a que é nossa bandeira gravada no chão,

pelo branco do nosso Ideal,

pelo negro do nosso Luto,

pelo vermelho do nosso Coração.

Guilherme de Almeida, o “Poeta da Revolução de 32”, faleceu em São Paulo no dia 11 de julho de 1969, encontra-se sepultado o Mausoléu do Soldado Constitucionalista de 1932, no parque do Ibirapuera.