Todos os anos, no dia 15 de outubro, os professores comemoraram com alegria sua dedicação ao magistério brasileiro. Na poesia do doutor Moaci Alves Carneiro, intitulada “O professor e o sonho”, há uma síntese disso: “Eu quero ser professor... De um saber todo sabor... De lições em desamor. Eu quero ser professor... De uma escola que é arremesso... Pois cada dia é um começo. (...) Pra dialogar, tecer... A compreensão, a ação... Convir com harmonia... Viver a paz todo dia... Eis a suprema lição!”

Diante do idealismo poético, o profissional para exercer a carreira mais importante no contexto social contemporâneo, tem a necessidade de administrar muito bem o seu tempo em dois aspectos: “rotina e prazer”! Assim, ele carece de uma metodologia equilibrada para gerenciar as duas partes, a fim de desenvolver um melhor ensino/aprendizagem dos estudantes. 

Para de fato tudo isso se concretizar, é fundamental a recordação da sabedoria grega, com o propósito de descobrir “como” lidar com a escola atual. Naquela cultura milenar, havia uma convivência harmoniosa entre dois tipos de tempo: o “cronos” (o cronometrado pelos relógios – “o rotineiro”) e o “kairós” (o período vivido não pelos anos, mas de forma “intensa” – sensação de que tudo parou para o deleite do ser humano).

Diante desse ensinamento, quando desfruta do “kairós”, o “cronos” perde totalmente o caráter de obrigação que muitas vezes se refere às suas atividades diárias, em relacionamentos com os alunos, pais, colegas ou mesmo diante dos seus superiores. Essa emoção ocorre quando a pessoa está em lugares especiais, em reuniões familiares ou com amigos e ao olhar o horário, existe a sensação de que o tempo não passou. Dessa forma, usufruiu daquele momento de forma prazerosa.

A experiência do alunado em relação aos anos passados nos bancos escolares está envolvida com o tempo “kairós”. Inicialmente ao relembrar os primeiros contatos com o universo do saber nas séries iniciais do Ensino Fundamental. Depois, os primeiros relacionamentos afetivos aconteceram nos famosos “recreios”. Ademais, nas aulas de leitura e produção textual houve a expressão dos desejos e objetivos para a fase adulta. Ou de um professor que o despertou para a realização de um sonho futuro no campo profissional.

O mesmo acontece com o professor, quando procura realizar seu trabalho com alegria e prazer. Ele está sempre em um processo de atualização para oferecer o melhor aos seus aprendizes. Há um sentimento de felicidade quando descobre estratégias novas para despertá-los para o “desejo de aprender”.

 Enfim, segundo o pedagogo e filósofo da PUC-SP, Fernando José de Almeida: “(...) todos conhecemos a afirmação de que as pessoas ocupadas são as que têm mais tempo. E também seu reverso: "Quem não tem nada a fazer não tem tempo para nada". Ou seja, achar tempo para as coisas está ligado a uma disponibilidade interior.” Por isso, o professor do século XXI em sua missão de educar, precisa transformar o seu tempo “cronos em kairós”.