Antônio Vieira nasceu em Lisboa no ano de 1608 e faleceu na Bahia em 1697, foi um missionário jesuíta considerado como um dos mais importantes personagens do século XVII.

Padre Antônio Vieira foi um orador consagrado e escritor cuja obra é, ainda hoje, reconhecida como fundamental na literatura portuguesa e brasileira, com destaque para os seus famosos sermões.

Um desses memoráveis sermões foi pregado no Colégio da Bahia, no dia 6 de janeiro de 1641, lembrando que segundo a tradição cristã no dia 6 de janeiro chegaram a Belém, vindos do Oriente, três Reis Magos com presentes para o menino Jesus.

Padre Antônio Vieira começa seu sermão lembrando que os Reis Orientais oferecem ao menino Jesus: “Ouro, Incenso e Mirra, três dons, como diz São Gregório, com três mistérios”.

Explica que cada presente oferecido pelos Reis Magos tinha um significado, ou seja, cada presente entregue significava um reconhecimento ao menino Jesus: “O Ouro a Cristo, como a Rei; o Incenso, como a Deus; a Mirra, como a mortal”.

O ouro, desde a antiguidade, era um produto importante, símbolo de riqueza e sempre presente no ambiente real significando, portanto, que os Magos reconheciam a realeza de Jesus.

O incenso, segundo consta na Bíblia, era usado como uma forma de adoração a Deus, sendo um produto nobre presente em altares e oferecido a Deus significando, portanto, que os Reis reconheciam a divindade de Jesus.

A mirra era, nos tempos bíblicos, utilizada na composição de um óleo sagrado de unção e, também, fazia parte de um produto medicinal que servia para aliviar dores ou seria utilizada em funerais significando, portanto, que os Reis Magos reconheciam a humanidade de Jesus.

Depois tratando de questões envolvendo o Brasil Colônia e prosseguindo o seu sermão lembra o padre Vieira que os Magos, sendo gentios, foram conduzidos até Jesus por uma estrela e depois avisados, por um anjo, que voltassem para sua terra por outro caminho, evitando assim serem mortos por Herodes.

Ainda durante o sermão, explica Vieira que, até mesmo o cuidado que Deus teve com os Reis Magos, enviando um anjo para orientá-los no retorno para sua terra por outro caminho, fugindo da perseguição de Herodes, está justificado pelo fato de que: “preza muito Deus de ganhar sem risco, de vencer sem batalha, de triunfar sem sangue”.

Enfim, que nós, tal como os Reis Magos, anualmente festejados em 6 de janeiro, possamos reconhecer a Realeza, a Divindade e a Humanidade de Jesus, nunca esquecendo que Deus deseja o nosso triunfo sem violência e sem derramamento de sangue.