Os ministros da Saúde do G7 - grupo dos países mais industrializados do mundo - pediram cooperação diante da variante Ômicron do SARS-CoV-2, que consideram ser "a maior ameaça atual à saúde pública mundial".
No final da última reunião
durante a presidência britânica do G7, os ministros da Alemanha, do Canadá, dos
EUA, da França, Itália, do Japão e Reino Unido declararam-se “profundamente
preocupados pelo aumento do número de casos” da nova variante.
Em comunicado, consideraram
“mais importante do que nunca cooperar estreitamente”, bem como “vigiar
e partilhar informação”. Em relação às vacinas, insistiram na importância
das “campanhas de mobilização”.
Os ministros “reiteraram o
compromisso” de “lutar contra a pandemia em curso e construir defesas para
o futuro”.
Lembrando que o fato de
“trabalhar em conjunto é crucial face à onda de Ômicron que cresce
rapidamente”, insistiram na importância de “um acesso equitativo aos
diagnósticos, à sequenciação genética”, bem como às vacinas e aos tratamentos.
Biden alerta
O presidente
norte-americano, Joe Biden, alertou para um “inverno de doenças graves e
mortais” para os não vacinados. Em muitos estados, os sistemas de saúde estão
sob forte pressão devido ao aumento de infecções pela variante Delta
durante o feriado de Ação de Graças. Os casos de Ômicron também estão
aumentando.
“Para os não vacinados,
estamos diante de um inverno de doenças graves e mortais. A única proteção real
é receber a vacina”, afirmou Biden.
A variante Ómicron foi
responsável por quase 3% dos casos de covid-19 no sábado passado
(11) – diante de 0,4% na semana anterior, segundo dados do
Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC). Com base na experiência de
outros países, o índice deve continuar a crescer e pode tornar-se dominante
nas próximas semanas.
“Suspeito que os números vão
disparar dramaticamente nas próximas semanas”, afirmou Céline Gounder,
especialista em doenças infeciosas e epidemiologista da Universidade de Nova
Iorque e do Hospital de Bellevue.
Céline espera que a
onda da variante Ômicron atinja o pico em janeiro e caia durante
o mês de fevereiro.
Em reunião com líderes
estaduais, na terça-feira (14), o CDC apresentou dois cenários, com base em
modelos, de como a nova variante pode levar a infecções nas próximas semanas e
meses. Os casos de Ômicron e Delta podem atingir o pico em janeiro.
Para a especialista, não
está claro qual a variante do SARS-CoV-2 (Delta ou Ômicron) dominará nos
próximos meses ou se coexistirão. Independentemente disso, “prevemos um aumento
das hospitalizações e no sistema de saúde nos próximos meses”.
Estados Unidos
Os Estados Unidos já
ultrapassaram os 800 mil óbitos por SARS-CoV-2.
O país já enfrentava
uma onda da Delta, que começou antes do feriado de Ação de Graças, e as
autoridades temem que as viagens e reuniões durante o Natal e ano-novo possam
adicionar crescimento explosivo a uma situação já tensa.
Em todo o país, as escolas
registram aumento de casos e algumas estão fechando mais cedo ou
reduzindo as aulas presenciais. Em Nova Iorque, a Universidade Cornell
notificou 903 casos entre estudantes em uma semana – muitos deles com a
variante Ômicron e em pessoas com a vacinação completa.
Testes
Em vários estados, os
hospitais estão próximos da lotação. “Os sistemas de saúde necessitam de um
plano para o provável aumento de hospitalizações nas próximas semanas”,
acrescentou Céline Gounder. A especialista em doenças infecciosas defende que
as autoridades de saúde pública aumentem a testagem e a vigilância em todo
o país.
Alguns dos fundos do
American Rescue Plan podem ser usados em nível estadual e local para a
compra de testes, algo que os estados de Massachusetts e Colorado já estão
fazendo. “Com a Ômicron, os testes frequentes podem ser mais importantes do que
eram com as variantes anteriores”, destacou Céline.
“A Ômicron tem período de
incubação mais curto, de dois a três dias. Se quisermos detectar a maioria
dessas infecções e fazer algo para combater o contágio, temos de fazer um teste
todos os dias”, disse.
A especialista explicou
ainda que entre 15% e 30% dos testes positivos devem ser sequenciados
para perceber qual a variante que está se espalhando pelo país.
“Aumentamos drasticamente o número de testes realizados, mas não estamos onde
precisamos estar. A vigilância das águas residuais também pode ser uma
ferramenta útil para conter o que está a vir e com rapidez”.
Nas áreas de Nova
York e Nova Jérsey, por exemplo, a Ômicron está presente em 13% dos casos.
O plano nacional de Biden
para lidar com a variante Ômicron exclui restrições e pedidos de permanência em
casa. A maioria dos estados viu seus poderes de saúde local
significativamente restringidos durante a pandemia, tornando mais difícil
adotar medidas de emergência para retardar a propagação do SARS-CoV-2.
Intensificar a vacinação,
incluindo a primeira dose e doses de reforço, também será importante para
combater as ondas atuais. Céliner defende que ”isso exigirá uma campanha
planejada para educar o público sobre o que é importante - por exemplo,
vacinar crianças”.
Melhorar a ventilação e a
filtragem do ar também é importante, assim como usar máscaras de qualidade.
A especialista considera que
ainda é muito cedo para dizer se a Ômicron é mais ou menos letal do que as
variantes anteriores. “A virulência [capacidade de um microrganismo patogênico
se multiplicar no organismo e provocar doença] depende da idade da pessoa, bem
como de outros dados demográficos, mas a idade é provavelmente a mais
importante”.
As evidências disponíveis
indicam que a Ômicron é mais transmissível e evasiva do sistema imunológico,
tornando a infecção mais provável entre os que foram vacinados ou se
recuperaram da doença.
Entretanto, um painel de
consultores externos do CDC recomendou o direcionamento às vacinas de mRNA para
a proteção contra a covid-19 – ou seja, as vacinas da Pfizer/BioNTech ou
Moderna – em preferência à da Johnson & Johnson, devido a riscos de
coagulação do sangue. O regulador ainda precisa aprovar essa orientação.