Nas terras que hoje compõem o Brasil, a Argentina, o Paraguai e, também, partes do Uruguai, por volta do século XVII, padres jesuítas iniciaram um trabalho que resultou na fundação de trinta missões ou reduções.

Os trinta aldeamentos jesuítico-guaranis, também conhecidos como reduções ou missões, passaram para a história como uma experiência de vida em comunidade: a civilização missioneira.

No Brasil, no atual estado do Rio Grande do Sul, estão situados os “Sete Povos das Missões”, resultado de uma reunião, sobre o mesmo chão e debaixo do mesmo céu, de povos indígenas e jesuítas europeus, um legado que começa a ser mais estudado e valorizado.

No livro “Missões Jesuítico-Guaranis”, editado pela UNISINOS, estão anotados os nomes dos sete povos missioneiros brasileiros: São Francisco de Borja, São Nicolau, São Luiz Gonzaga, São Lourenço Mártir, Santo Ângelo Custódio, São João Batista e São Miguel Arcanjo.

Durante décadas esses locais buscaram “a terra sem males” e viram florescer uma civilização fraterna e igualitária, que chegou a ser elogiada por sábios e filósofos europeus, todavia, o sonho acabou despertando a cobiça e a ira dos colonizadores, que atacaram e destruíram os povos missioneiros. 

Vítimas das disputas sangrentas entre as coroas espanhola e portuguesa, dos sucessivos ataques dos bandeirantes e, finalmente, da expulsão dos padres jesuítas do Brasil, a partir do ano de 1759, a maioria dos habitantes dos Sete Povos das Missões foram mortos e a civilização, que junto com os jesuítas construíram, foi abandonada em ruínas.

No ano de 1983, a antiga redução de São Miguel Arcanjo foi declarada Patrimônio Mundial pela UNESCO, sendo que, atualmente, é possível visitar suas ruínas e vislumbrar a grandeza da civilização missioneira, que jesuítas e povos indígenas construíram juntos.

Ainda que possam ser questionados os interesses dos aldeamentos missioneiros e o papel dos jesuítas na difusão da fé católica entre os índios, cabe lembrar que, na época, a colonização era realizada com violência e escravidão, enquanto que as missões jesuítico-guaranis eram organizadas de forma mais fraterna e igualitária. 

Finalmente, como escreveu Pedro Ignácio Schmitz: “Apesar do trágico desfecho de sua obra, depois de um século e meio de vida e às vezes de esplendor, os missionários que nelas investiram suas vidas podiam sentir-se realizados, pois fizeram o melhor que o tempo e as circunstâncias permitiam, em favor dos outros, buscando realizar em tudo a maior glória de Deus”.