O champanhe é certamente a bebida oficial das celebrações no Brasil e no mundo, mas de onde surgiu essa cultura? A fama da bebida se deve, primeiramente, à realeza francesa, com contribuições inglesas. 

Os britânicos foram os primeiros que buscaram documentar a padronizar o acréscimo de açúcar para formação das bolhas do vinho produzido na região de Champagne, na França, em 1662.

Até então, as borbulhas surgiam acidentalmente, podendo fazer garrafas explodirem, o que era encarado como um defeito a ser evitado. Com o tempo, elas caíram na graça e se passou a investigar como dominar a criação.

A região de Champagne é de onde alguns reis franceses nasceram, mas foi durante o reinado absolutista de Luís XIV que a bebida teve um salto de qualidade, devido às inovações trazidas pelo monge Pierre Pérignon, cujas técnicas envolvidas a poda e combinações das uvas.

Durante o reinado de Luís XIV, o país passou a investir na produção de móveis e espelhos para a nobreza, movimento visto como um dos primeiros passos para a dominação da França sobre o mercado de luxo. O Rei não tinha limites quando a questão era ostentação e, assim, o champanhe caiu em suas graças, mas foi no reinado do sucessor Luís XV que a bebida conquistou a nobreza.

No século XVIII, a bebida se espalhou para outras casas reais, rompendo a fronteira da monarquia. Em 1796, o primeiro presidente americano, George Washington, ofereceu a bebida em um jantar oficial da jovem república dos Estados Unidos.

No século seguinte, a revolução francesa e a industrial deram novo impulso ao champanhe. Aquele primeiro movimento levou inúmeros nobres à morte, enquanto os que viveram celebraram o fato bebendo champanhe, reforçando a relação comemorativa com outros países, visto que a maioria dos sobreviventes fugiu. A revolução industrial, a seu turno, trouxe melhores técnicas de produção, armazenamento e transporte, com garrafas mais resistentes e ferrovias, tornando o produto mais acessível e democrático.


Pôster antigo de Leonetto Cappiello que celebra o champanhe como uma bebida de festas

No final do século XIX e início do século XX, quando a França passava por seu período de efervescência cultural, a Belle Époque, casas consagradas de Champagne, como Veuve Clicquot e Möet et Chandon, começaram a investir em publicidade, relacionando a bebida a momentos de alegria, celebração e encontros familiares, por meio de anúncios em jornais, especialmente durante o período natalino e de virada de ano.

A partir de então, o champanhe de solidificou como a bebida de ocasiões especiais e a aura passou a cobrir outros espumantes, pois a magia era vista em boa parte nas bolhas inebriantes.

Outro fator que explica a abertura de outros espumantes é o preço, pois os produzidos em Champagne são mais caros em relação aos de outros países, como cava, da Espanha, e prosecco, da Itália, bem como os premiados espumantes brasileiros, ainda assim mais caros do que as sidras industrializadas.