A mãe foi resgatada em 2004 e reintroduzida em
2009
A Fundação Mamíferos Aquáticos
está comemorando o nascimento do primeiro filhote de peixe-boi-marinho de uma
fêmea reintroduzida no litoral da Paraíba. A mãe, batizada Mel, foi resgatada
quando encalhou, ainda filhote, no Ceará, em 2004. Ela recebeu cuidados e foi
reintroduzida posteriormente graças ao Projeto Viva o Peixe-Boi-Marinho. O
animal é uma espécie em extinção.
Segundo João Carlos Gomes Borges,
diretor de Pesquisa e Manejo da Fundação Mamíferos Aquáticos, o fato é um
indicador do sucesso do projeto de reintrodução da espécie no Brasil. O
programa reabilita animais feridos que, depois, são devolvidos à natureza e
monitorados. A gestação de um peixe-boi-marinho dura cerca de 13 meses.
Mel foi encontrada encalhada
na praia de Ponta Grossa, em Icapuí (CE), e transferida para o Centro Mamíferos
Aquáticos do Instituto Chico Mendes de Biodiversidade (ICMBio), na Ilha de
Itamaracá (PE), onde permaneceu em reabilitação por cinco anos.
Em 2008, o animal foi
transferido para o cativeiro de readaptação em ambiente natural da Área de
Proteção Ambiental da Barra do Rio Mamanguape (PB). Em março de 2009, Mel foi
solta no estuário da região, onde ficou por muitos anos até que, em 2019, ela
se deslocou para o litoral de Cabedelo, onde vive atualmente.
Mel foi avistada com o filhote
por técnicos do projeto em dezembro do ano passado. Em uma primeira avaliação,
os técnicos observaram que o filhote está saudável e sendo amamentado por Mel.
“Esse foi o primeiro filhote de uma fêmea de peixe-boi solta na Paraíba ao
longo desses anos”, disse Borges. “Foi um grande presente de Natal para todos
nós. Esse nascimento representa de fato um grande marco para a conservação dos
peixes-boi”.
Monitoramento
A equipe do projeto monitora
diariamente Mel e sua cria, porque nas primeiras semanas os filhotes são mais
vulneráveis. João Carlos Gomes Borges conta que nas férias de verão, a região
recebe muitos turistas e embarcações, o que justifica um monitoramento mais
intenso.
O litoral da Paraíba é um dos
poucos lugares no Brasil onde é possível avistar peixes-boi-marinhos nativos e
reintroduzidos. Esse avistamento, no entanto, pode levar a interações que são
prejudiciais aos animais.
Cuidados
Para João Gomes, a sociedade
tem um papel determinante na estratégia de conservação da espécie. Ele recomendou
que ao avistar esses animais, os turistas devem manter distância e não devem
tocá-los ou oferecer comida.