Aos poucos dou meu carinho,

E EU? Sempre sozinha.

Doou, aos poucos, minha presença,

E eu? Solitária.

Aos poucos minha força,

E eu? Sempre fraquejando.

Aos poucos, doou minha alegria

E eu? A tristeza.

Doando me aos poucos, ou, doando-me várias veze

Ou, doando-me de uma vez,

No final sempre exausta,

Me desconheço.

Dou conta, que já perdi tudo que doei.

Nada me há sobrado.

Seja me doando em doses homeopáticas e lentas, ou

De uma vez, ou várias vezes,

Sobra somente EU,

Desmontada peça por peça,

Dilacerada

Ainda que me olhasse no espelho, já não me reconheço.

Pois a cada um, a cada relação, me doei,

E abruptamente, fui deixada sem nada,

Desfigurada, lembro das dores a cada doação,

Mas já não lembro quem sou.