Não bastante a região centro-sul enfrentar a pior crise hídrica em 91 anos, um ritmo acelerado de focos incêndios no Pantanal, um dos biomas mais ricos do país. A área queimada neste ano já ultrapassa a média histórica para o período de janeiro a agosto, antes mesmo do mês de setembro, geralmente o mês de pico das queimadas.

De acordo com a bióloga e secretária executiva do Instituto do Homem Pantaneiro, Letícia Larcher, “esses casos, agora, estão escalonando muito mais rápido”. Disse também que “os incêndios no Pantanal estão diretamente ligados ao regime de cheia dos rios. Áreas que eram alagadas periodicamente antes, agora não são mais”. Para especialistas, ainda, os impactos na biodiversidade deverão ser sentidos em breve.

Segundo dados da plataforma MapBiomas, em 30 anos desapareceram 15,7% das superfícies de água do Brasil, tendo o Mato Grosso do Sul sido o Estado mais afetado, representando 57% do recurso hídrico perdido, se concentrando grande parte da perda no próprio Pantanal.

Para esta sexta, 27, se prenuncia chuva no Pantanal, tendo a temperatura caído 17ºC, o que pode ajudar na contenção dos focos de incêndio. Por outro lado, “a chuva vai lavar e carregar toda essa fuligem que está na beira do rio e levar tudo para dentro da água. Isso vai diminuir o oxigênio no Paraguai e aí os peixes vão morrer ainda mais”, afirmou uns dos habitantes da região. As mudanças, portanto, afetam a pescaria, modo de subsistência de muitos que moram às margens dos rios do Pantanal.