Alguma vez na vida você já pensou em fazer uma roadtrip, sozinho ou com amigos, de um final de semana ou de muitos dias? Eu tenho certeza disso! Entretanto, nós todos sabemos que uma viagem dessa requer muito planejamento, tempo e dinheiro. E, normalmente, quando você conquista um, não tem outro. E assim seguimos a vida, por muitas vezes… Com muitos planos, muitos sonhos, mas sem sair do lugar. Pode ser por falta de tempo, por falta de dinheiro, ou pelos dois. E, assim como realizar sonhos, uma roadtrip requer todo esse conjunto: planejamento, tempo e dinheiro. É o que dizem, certo? Mas hoje estou aqui para provar que todas essas pessoas que um dia falaram para você que é impossível, estão completamente erradas! Se realmente temos um sonho, temos que nos dedicar a isso. E, por muitas vezes, temos que “escutar por um ouvido e soltar pelo outro”, como diziam antigamente. Porque se você está disposto a realizar,

você já está no meio do caminho. 

Lembro perfeitamente da primeira vez que assisti o videoclipe da música Crazy, da banda Aerosmith. Apesar de ser bem novinha na época, aquele vídeo despertou uma vontade imensa de pular dentro de um carro conversível e sair dirigindo por aí, com uma amiga, ouvindo música alta e curtindo a vida. Opa! Calma aí! Pausa importante: caso você nunca tenha assistido esse vídeo, abre uma aba no youtube e assiste, assim você vai entender e sentir tudo isso que estou falando. 

E, desde então, essa vontade de pegar um carro e sair por aí sem destino, nunca passou. Na verdade, só aumentou. Mas, por conta do que muitos dizem “correrias da vida”, eu ainda não tinha conseguido realizar esse sonho. 

Quando aterrissei nos Estados Unidos, em março de 2021, muita coisa mudou. Inclusive meus planos e meus sonhos. Estar aqui era o sonho número 01 da minha lista - até o momento - e eu estava aqui, vivendo, cada segundo, realizando o que sempre desejei. E então, qual seria o próximo passo? 

Antes mesmo de chegar em terras norte-americanas, eu e algumas amigas já estávamos combinando sobre a roadtrip, como “temos que fazer de todo jeito, é um sonho”. Acontece que, no primeiro ano vivendo aqui, muita coisa aconteceu… A vida foi mudando aos poucos, os planos e sonhos também. Detalhe que, meu sonho número um, master blaster, era morar aqui e isso já estava sendo realizado, a cada dia. Então, qual seria o próximo passo? Realizar mais um sonho (roadtrip) dentro do sonho (morar aqui).

Mas, de novo, começou a questão sobre “correrias da vida”. Sempre ficávamos esperando pelo “tempo certo”, quando todas juntarem dinheiro e estiverem de férias e blá blá blá. O que acontece é que o momento certo nunca vai chegar. O momento certo é aquele que você se decide e toma a primeira atitude para fazer acontecer de verdade. Chegou um dia que pensamos “é hoje!”, vamos definir a data, falar com a nossa família e comprar a passagem. E foi assim. Em alguns dias estávamos com passagens compradas para a Califórnia, sem nenhum plano ou roteiro, apenas muita vontade de realizar os nossos tão desejáveis e, por muito tempo, inalcançáveis, sonhos. 

Com as datas definidas, começamos a pesquisar as cidades e os lugares que queríamos ir, olhar os hotéis ao redor e procurar um carro que fosse confortável, econômico e com um porta-malas grande para dar conta das nossas malas rs. E, assim, aos poucos, fomos definindo dia por dia. Primeiro as cidades, depois os hotéis, depois o carro e, por fim, as atrações que gostaríamos de ir em cada cidade. Dá um trabalhão danado, mas é tão satisfatório no final. 

Em 10 dias: andamos 3.700 km, passamos por 03 estados, dormimos em 07 hotéis, escutamos incontáveis minutos de músicas - de Sandy e Junior a Laura Pausini, passamos por metrópoles, cidadezinhas, desertos, cassinos, praias, parques nacionais. Fomos do calor de 30ºC no Vale da Morte para -4ºC no Lake Tahoe, em menos de um dia. 

E, com certeza, passando por todos esses extremos, o que mais me encantou foi sentir uma vontade inexplicável de viver. Por todos esses dias eu senti que estava ali presente a cada momento. Respirando diferentes ares, experimentando novos sabores, pisando em solos completamente diferentes. Conhecemos cidades, pessoas, culturas. Vivemos.

 O que mais me conquistou nessa viagem foi, sem dúvida alguma, sentir em mim uma incrível e inexplicável alegria de viver. De rir a todo momento, de chorar sem motivo, de acordar cada dia mais cansada, mas seguir, mesmo assim. 

Lembra que falei lá no início que muitas pessoas deixam de realizar sonhos por falta de tempo, dinheiro ou planejamento? Então… Depois que você vive algo assim, totalmente fora da sua zona de conforto, dirigindo por lugares que você não conhece, tendo contato com pessoas que você nunca viu, falando o tempo todo em duas línguas… Depois que você vive tudo isso, você entende, de verdade, o quanto nosso tempo é precioso e que dinheiro não é tudo na vida. 

Vivemos na pele a parte mais incrível de sair da zona de conforto e se jogar no mundo: começar a descobrir novas e diferentes possibilidades que você não fazia nem ideia que existia. Possibilidades, acesso a diferentes informações, pessoas e culturas, que você somente irá alcançar quando morar fora do seu país de origem. Você poderá vivenciar novas realidades. Terá uma nova perspectiva sobre tudo na vida. Inclusive, sobre a vida. Sobre você. Sobre o que é realmente importante. Saliento que a vida de imigrante não é nada fácil. Os

momentos tristes são muito tristes. Mas, os felizes… Ah! Os momentos felizes… Não tem explicação… 

A cada passo que eu dou aqui, a cada novo lugar, novo estado, eu me questiono muito o porquê de não ter feito isso antes. O porquê de não ter feito isso no Brasil também. O que eu mais ouço dos meus amigos americanos é “você conhece muito mais lugares aqui do que eu”, “você viaja muito mais que eu”. Sim, conheço mesmo, viajo mesmo, porque essa foi a minha intenção de vir para cá, aprender uma nova língua, uma nova cultura e viajar, explorar, descobrir. 

 Porém, ao mesmo tempo, eu tenho a mesma sensação que a deles. No Brasil eu não viaja assim. Conheço alguns estados e algumas cidades, perto da imensidão que temos. Nunca fui ao Nordeste e nem no bairro da Liberdade em São Paulo para comer algo diferente. E a cada novo lugar que eu conheço aqui, me desperta uma vontade ainda maior de explorar o meu país. Entendo que as condições que me encontro hoje são completamente diferentes das de quando eu morava no Brasil, mas, mesmo assim, eu vejo que poderia ter explorado muito, mas muito mais! 

 Infelizmente, essa ficha só caiu há pouco tempo. Então, hoje, eu deixo aqui o convite para você, caro leitor. Seja um constante explorador do novo. Nem que seja um restaurante novo na sua cidade, um barzinho novo na cidade vizinha, ou uma trilha que você sempre quis fazer que fica um pouco mais longe. Descubra. Explore. Faça isso com o que você tem disponível. Se hoje o tempo ou o dinheiro é um impedimento, seja criativo, inove. O básico também funciona, é divertido e vai te fazer crescer, de alguma forma. A vida é uma só. Dê o seu melhor para realizar todos os seus sonhos