O Ego, núcleo da personalidade de um indivíduo, princípio de organização dinâmica. Diretor e avaliador que determina as vivências e atos do indivíduo. É através dele que controlamos esse personagem com RG e CPF, feito de carne e ossos nessa grande campanha de RPG chamada VIDA.

Vamos através dessa reflexão navegar através dos porquês dos nossos desejos e vontades. Nos apegamos tanto ao personagem que construímos e as conquistas que desbravamos a cada passo de nossas missões que muitas vezes deixamos o personagem agir por conta própria, sem pensar com nossa essência e de forma racional.

Todo esse acumulo de conquistas, ou como deveríamos chamar: “aprovações sociais”, nos tornou completamente viciados. Como se ter milhares de likes e seguidores em nossas redes sociais, fosse uma garantia de que estamos vivendo da maneira certa (E quem quer viver do jeito errado, não é mesmo?).

Porém, todo esse estresse em tentar alcançar os padrões de vida que são ditados pela sociedade não tem valido muito a pena. Cada vez mais vemos crianças e adolescentes em estados de depressão, ansiedade e bipolaridade buscando subterfúgios em drogas licitas e ilícitas.

Isso quando não se tornam dependentes emocionais de pessoas que são igualmente dependentes e acabam construindo ciclos de auto sabotagem, projeções surreais da realidade e relações tóxicas abusivas. Mas já que o Ego pode ser tão sensível e frágil a ponto de nos corromper, como lidar com as exigências e expectativas que absorvemos ao decorrer da vida? A primeira coisa que precisamos entender é que nós não somos os nossos pensamentos. Pense nos pensamentos como nuvens que estão passando no céu e você apenas as observa, portanto, essas nuvens (ou esses pensamentos) não tem nenhum poder de te atingir (só se você deixar).

Quando você vive uma ideia onde as pessoas acreditam em um senso coletivo, mas não sabe muito bem o porquê, você tem uma Matrix. A Matrix é essa ideia de como o mundo deveria ser e a gente vive conforme essa ideia sem questionar porque a gente está vivendo daquela forma. Por tanto, nessa lógica existe a Matrix do AMOR, que basicamente é este conjunto de ideias prontas de como a vida amorosa deveria ser (namorar, noivar, casar, ter filhos e esse relacionamento deve durar para sempre).

A maioria das pessoas vive com essa ideia de realidade que tem que se concretizar em algum momento e acabamos não parando para entender o verdadeiro propósito de um relacionamento (que basicamente é uma parceria onde os dois tem que estar mais alegres e satisfeitos do que sozinhos, caso contrário não tem sentido nenhum) mas as pessoas continuam arrastando com a barriga essa pressão social pra entrar em um relacionamento. Começam a namorar na escola para mostrar para seus amiguinhos que você recebe carinho de alguém (mesmo que isso não aconteça muitas vezes. Usam essa posição como STATUS e usam o namorado ou a namorada como acessório para ostentar o próprio ego.

E como essa relação se formou de maneira superficial e carente, será cheio de manipulação e dependência emocional e vai acabar em discussões e brigas desnecessárias que poderiam ter sido evitadas se você tivesse parado pra pensar porquê as pessoas agem da maneira que elas agem. Nesse sentido, querer ficar solteiro não é uma escolha certa e nem errada, mas com toda certeza subversiva, porque contextualmente vai contra essa Matrix do Amor.

E quando alguém está dentro de uma Matrix, ou seja, quando ela está seguindo um conjunto de regras sociais cegamente, ela simplesmente vai enlouquecer. Pois na cabeça dessa pessoa ela não consegue entender como uma pessoa consegue viver sem agradar a sociedade sendo que agradar a sociedade é a coisa mais importante da vida dela. “Mas Matheus, todas as pessoas dentro de um relacionamento estão doutrinadas na Matrix do Amor?” Não, mas uma pessoa que está em um relacionamento pelos motivos certos provavelmente parou pra pensar nos motivos de estar em um relacionamento e provavelmente chegou a uma conclusão racional que se aquele estilo de vida funciona pra ele, não significa que vai funcionar pra todo mundo, e assim provavelmente ele não vai encher o saco dos outros pra estar em um relacionamento como ele.

Se pararmos para pensar bem nas pessoas que tratam seu relacionamento como posição de status ou acessório, provavelmente vão ficar ostentando essa posição como se eles tivessem acabado de comprar um carrão, porque afinal de contas, ele/ela batalhou muito pra ser um escravo do ego, e na cabeça deles será tarde demais para sequer questionar se aquela batalha para ser um ser superficial valeu a pena de verdade.

 E o mesmo vale para pessoas comprometidas que ficam enchendo o saco dos amigos pra fazer o mesmo, essas pessoas basicamente estão querendo dizer que: EU ESTOU EM UMA POSIÇÃO QUE JULGO SER MELHOR QUE A SUA POIS AGRADO MAIS AS NORMAS SOCIAIS, POR TANTO, SOU MELHOR QUE VOCÊ. O que é uma versão totalmente deturpada de valor, e provavelmente esse será o tipo de pessoa que vai se divorciar próximo aos 40 anos de idade.

“Mas Matheus, como então sair dessa Matrix do amor, como viver na realidade e procurar relações profundas e verdadeiras com as pessoas?”

A nossa imaginação e grande parte dos nossos pensamentos são intrusivos, projetamos cenários na nossa cabeça e criamos expectativas automaticamente, e isso é inevitável. Ideias e pensamentos intrusivos são resolvidos com uma auto regulagem constante. Sabe quando você está em um lugar alto e de repente vem um pensamento na sua cabeça falando “pula!” e na mesma hora você pensa: “que pensamento idiota, de onde veio essa ideia”. Isto nada mais é do que você se regulando, e devemos fazer a mesma coisa com as nossas expectativas.

Quando elas começarem a aparecer e quando você começar a ter um monte de ideias que você nem conhece direito, faça-se a seguinte pergunta: “Será que eu estou criando expectativas que podem me decepcionar no futuro?”. E se a reposta for SIM, entenda RACIONALMENTE que aquilo é apenas uma expectativa criada pela sua mente que não se baseia na realidade.

 Então se você já imaginou o seu crush como uma pessoa super carinhosa que gosta das mesmas coisas que você gosta, não se prenda a isso, busque enxergar a realidade entendendo aquela pessoa como ela é. Jamais compare ninguém as suas expectativas, porque elas sempre vão ganhar. A sua cabeça sempre vai criar a versão perfeita daquele individuo baseado no que você considera ideal.

Mas isso não tem o mínimo de fundamento e a realidade pode ser extremamente prejudicial se você deixar a sua imaginação tomar conta de você.