Existem duas ilhas, 

Entre elas um oceano. 

Os habitantes são da mesma espécie, 

Porém não se conhecem. 

 

Assim é o ser humano. 

Uma ilha rodeada por um mar de caos, 

sentimentos não sentidos, amores não vividos

vezes que morreu enquanto ainda vivia, 

Na arrogância de se ver como o único sofredor, o único. 

Ledo é o engano, 

é só atravessar o mar em um barco que tem nome, VIDA, 

as vezes insana, as vezes sem sentido, que te levará a sua identidade, 

Ao seu espelho. Não propriamente dito, mas, sim, alguém que está tão quanto rodeado do mesmo mar, as vezes as águas são mais turvas, 

As vezes mais cristalinas. 

AINDA SÃO AS MESMAS ÁGUAS, RODEANDO ILHAS.

O barco VIDA é insano, pois ele só veleja quando você entra nele, 

Cada madeira, o leme, a vela, formam oportunidades ignoradas, aventuras não feitas, cada vez que nos afogamos no mar que nos rodeia. 

Cada vez que deixamos de ser quem somos para que a expectativa de outros seja suprida, 

este barco toma outra forma, toma outra direção, as vezes nos deixando mais perdidos, as vezes nos deixando mais distantes do que ou daquele que nos fará enxergar a nós mesmos. 

É como se cada pedaço da madeira que constrói o barco, mudasse sua forma, e então o simples barquinho se torna um grande Navio, ou ainda o inverso, ou ainda pior, do simples barquinho (quem somos), se vê mudado por alheias expectativas (águas turvas de um mar que não nos cerca), e se torna um Navio (perde a direção, ou seja, se perde em si), 

até muito bonito, mas tal qual o Titanic está hoje, 

naufragado, pois um dia encontrou um iceberg, que até por fora, em sua superfície era possível de desviar, mas nas águas turvas e desconhecidas, era enorme demais para se desviar. 

Assim é essa vida louca, insana, de águas turvas, cristalinas, com icebergs, que muitas vezes precisaremos velejar, mesmo na tempestade, tentando chegar a outra ilha, para nos encontrarmos. 

Ou ainda, para simplesmente nos ver. 

E para isso, os outros precisam ser os outros, cada um construindo seu barco, para velejar nas tuas próprias águas. 

Ninguém se encontrará se estiver irreconhecível a si próprio, isso acontece quando deixamos nosso barco e aceitamos carona em barcos alheios, ou ainda em grandes e belos Navios de cruzeiro, entramos em águas desconhecidas, e mesmo estando no belo, no barco que queriam pra ti, você ainda estará perdido.