Menos de uma semana após tomar o poder do Afeganistão, o grupo fundamentalista islâmico Taleban colocou a segurança de Cabul sob responsabilidade do grupo a eles associado Haqqani, visto como terrorista pelo Ocidente, como reconhecido pela Organização das Nações Unidas – ONU e Estados Unidos. Em 2017, o movimento foi responsável por um dos maiores ataques ao longo de vinte anos, explodindo um carro-bomba que matou 150 pessoas.

A informação foi confirmada pelo ex-Chanceler Abdullah Abdullah, que esteve em reunião com os líderes do movimento radicalista para as negociações de criação do novo Governo. “Isso é o pior sinal possível”, comentou o jornalista Ahmed Ali à imprensa, que está escondido com amigos desde a tomada de poder.

De acordo com ele, a situação vem piorando conforme os dias se passam, inclusive tendo sido registradas 12 mortes na reviravolta que ainda acontece no aeroporto de Cabul, usando como rota de saída. Uma das vítimas era um alemão, a primeira de origem ocidental. “Eles querem nos matar”, comentou o jornalista.

Segundo Abdullah, nos últimos dias as forças Taleban estão promovendo buscas nas casas de famílias de pessoas que trabalharam com ocidentais ou com o Governo afegão durante o período de ocupação.

A rede Haqqani é um dos grupos guerreiras santos, ou “mujahedin, egressos da luta contra a ocupação soviética do Afeganistão, que durou de 1979 a 1989, vindo a ser armada, inclusive, pelos Estados Unidos, contando atualmente com cerca de 10 mil combatentes. A associação com o Taleban aconteceu em 1995, rumo à conquista do Governo durante a guerra civil que acontecia. Haqqani também já manteve laços com a Al Qaeda, de Osama bin Laden.

A propósito, o Taleban também é reconhecido como um grupo terrorista pela ONU, desde 1999, muito embora tenha afirmado que o novo Governo se utilizará formas de se relacionar com a sociedade diferentes das impostas no regime de 1996, como a anistia, manutenção dos direitos humanos, fim do tráfico de ópio, fim do jihadismo contra outros países e a segurança de embaixadas e organismos internacionais.

A repressão a atos de protesto nos últimos dias, no entanto, se mostra diferente do que o dito, já sinalizando o Taleban o que deverá vir a acontecer em diante. Por instante, os ocidentais se concentram em evacuar o país.