O
Telescópio Espacial James Webb, da agência espacial dos Estados Unidos (Nasa),
fez seu primeiro registro de um exoplaneta – um planeta que orbita uma estrela
em um sistema que não seja o mesmo do Planeta Terra. Segundo a Nasa, o planeta
LHS 475 b tem tamanho e diâmetro bastante similar ao da Terra. O anuncio
foi divulgado na
última quarta-feira (11).
A
escolha por observá-lo com o novo telescópio se deve ao fato de, após revisar
alguns alvos de interesse, a equipe ter obtido dados que indicavam a
existência desse planeta. “O espectrógrafo de infravermelho então capturou o
planeta com facilidade e clareza com apenas duas observações de trânsito. Não
há dúvida de que o planeta está lá, e os dados originais do Webb validaram
isso”, disse Jacob Lustig-Yaeger, um dos integrantes da equipe de pesquisa, ao
lado de Kevin Stevenson, que destaca o fato de o planeta encontrado ser
“pequeno e rochoso”.
“Estes
primeiros resultados observacionais de um planeta rochoso do tamanho da Terra
abrem as portas para muitas possibilidades futuras para estudarmos atmosferas
de planetas rochosos com o James Webb”, acrescentou o diretor da Divisão de
Astrofísica da Nasa, Mark Clampin. “Webb está nos aproximando cada vez mais de
uma nova compreensão de mundos semelhantes à Terra fora do nosso sistema solar,
e a missão está apenas começando”, acrescentou.
Atmosfera
De
acordo com a Nasa, o James Webb é, entre todos os telescópios em operação, o
único capaz de caracterizar as atmosferas de exoplanetas do tamanho da Terra. A
Nasa, no entanto, informou que, até o momento, não foi possível afirmar se o
planeta possui atmosfera – o que deverá ser feito por meio de análises de seu
espectro de transmissão.
“O
telescópio é tão sensível que pode detectar facilmente uma variedade de
moléculas, mas ainda não podemos tirar conclusões definitivas sobre a atmosfera
do planeta”, informou, em nota divulgada pela Nasa, o pesquisador Erin May.
Embora
a equipe não possa, até o momento, concluir o que está presente na atmosfera,
ela pode dizer com certeza o que não há. “Existem algumas atmosferas, como a do
tipo terrestre, que podemos descartar. E não pode ter uma atmosfera
espessa dominada por metano, semelhante à da lua de Saturno, Titã”, explicou
Lustig-Yaeger.
Os
pesquisadores explicam que a possibilidade de o planeta não possuir atmosfera
existe, mas há também a possibilidade de existir, uma vez que algumas
composições atmosféricas não foram, até o momento, descartadas. É o caso, por
exemplo, de uma atmosfera de dióxido de carbono puro, que tende a ser “muito
mais compacta e difícil de ser detectada”.
“Medições
ainda mais precisas são necessárias para a equipe distinguir uma atmosfera de
dióxido de carbono puro de nenhuma atmosfera. Os pesquisadores estão
programados para obter espectros adicionais com as próximas observações neste
verão”, informou a Nasa.
Segundo
os dados obtidos pelo James Webb, o planeta em questão é “algumas centenas de
graus” mais quente que a Terra. Caso sejam detectadas nuvens, isso pode levar
os pesquisadores a concluir que o planeta é mais parecido com Vênus, que tem
uma atmosfera de dióxido de carbono e está perpetuamente envolto em nuvens
espessas.
“Estamos
na vanguarda do estudo de exoplanetas pequenos e rochosos. Começamos a dar os
primeiros passos para saber como são as atmosferas desse tipo de planeta”,
disse Lustig-Yaeger. A Nasa acrescenta que a o planeta completa uma órbita a
cada dois dias, apenas, e que ele está “relativamente próximo”, a apenas 41
anos-luz de distância da Terra, na constelação de Octans.