A instituição é mantida com ajuda financeira de colaboradores. O repasse de verbas do Município tem se mostrado insuficiente

A comunidade terapêutica Recanto Rogério de Souza trata da recuperação de pessoas em situação de dependência de álcool e drogas desde 1998, em uma chácara localizada no Bairro Taquaral, em Tietê. 

Atualmente, ela necessita de doações e da colaboração de todos para continuar ajudando e resgatando pessoas para suas vidas social e pessoal em harmonia e paz, livrando-as da condição de dependente.

Sabendo da importância do trabalho de todos os que fazem parte desta comunidade, do bem prestado à sociedade e da mudança provocada na vida de centenas de famílias, o GNTC esteve no Recanto para conhecê-lo mais e melhor.


Inicialmente, é de grande relevância que se compreenda acerca do quê se trata a adicção ou dependência, que é classificada como uma doença pela Organização Mundial da Saúde – OMS. Basicamente, o vício em álcool e outras substâncias é caracterizado pelo seu uso descontrolado e progressivo, que traz prejuízos ao bom funcionamento do organismo e pode contribuir para o desenvolvimento de comportamentos antissociais, agressivos, desconexos com a realidade e assim por diante.

O Recanto acolhe pessoas nestas situações, com a finalidade de recuperá-las de seus vícios, tratando a doença, estimulando a aceitação, enfrentamento e superação, bem como estimulando a ressocialização. Lá, os internados próprios são responsáveis pela higiene, manutenção e conservação do espaço, organizando e limpando seus próprios quartos, arrumando as camas, cuidando dos jardins, da horta que foi criada, da cozinha, louças e demais afazeres.

Deste modo, a comunidade não conta com empregados, apenas com monitores, que revezam turnos e assistem os pacientes, auxiliando-os com o necessário, mantendo o bom funcionamento do espaço e contribuindo para uma convivência harmônica entre todos.


Como comentou o monitor presente na ocasião, Elias, o início da terapia é o mais complicado, pois as dificuldades que vão se apresentando simplesmente não podem ser lidadas pelos internados com o uso de subterfúgios, fator primordial à recuperação, mas que muitas das vezes leva ao desgaste e desistência. Daí recomendar-se que ao menos nos primeiros quinze ou trinta dias o paciente não tenha contanto com familiares, que podem mais facilmente ser persuadidos. Frise-se que a família é mantida pelo Recanto a par de toda a evolução do tratamento.

A rotina é bastante ordenada. Durante os dias da semana, todos se levantam às 06:00h – aos finais de semana, às 07:00h -, tomam café da manhã e vão para a primeira espiritualidade. A religião e o fortalecimento do sistema de crenças são essenciais para a boa recuperação, segundo Elias. A seu ver, “espiritualidade é tudo”, especialmente em se tratando de dependência, que envolvendo aspectos biológicos, psicológicos, sociais, culturais e muitos outros.

Em seguida, os internados passam às suas atividades habituais, que, como mencionado, consistem basicamente nos cuidados do próprio Recanto. É importante para a boa recuperação que todos se mantenham ocupados, segundo informado.


Como se pode conferir pelas imagens, o espaço é amplo, acolhedor e bastante diversificado. Desde a entrada até o extremo do terreno, o visitante pode notar a existência de jardins com flores, árvores, de um centro de reuniões, uma capela, tanques, caminhos pelo gramado, espaço para atividades, horta, plantações de mudas, refeitório, cozinha equipada e mais. Tudo é mantido com cuidado e atenção, mas pode ser muito melhorado.

É acreditando nisto que os responsáveis pelo Recanto apostam em um projeto de ampliação, para que a comunidade possa abrigar 26 pessoas, ao invés das 10 atuais. O projeto merece atenção e a contribuição de todos, pois como bem se pode notar, o trabalho desempenhado no Rogério de Souza é um cuidado para com toda a sociedade.

Como é possível imaginar, por se tratar de uma comunidade filantrópica, os recursos terminam por ser escassos, apenas sendo possível a manutenção de toda a estrutura graças à boa administração. No entanto, para que os serviços de atendimento e acolhimento possam continuar a melhorar, é imprescindível que cada um ajude da maneira como puder, seja com comida, roupas, lençóis, cobertores ou até mesmo ajudando-os com a campanha de arrecadação de fundos que acontece.


Atualmente, o Recanto sobrevive à base de repasses de verba anuais, vindos da Prefeitura, que não são suficientes para se passar muitos meses – este ano o repasse foi de aproximadamente R$26 mil. Ainda, há o quadro de contribuintes, que funciona mediante contribuição mensal, trimestral, semestral ou anual de que tem interesse em ajudar com, no mínimo, R$30, mas o valor arrecadado mensalmente, em torno de R$1.600 atualmente, não é o bastante para cobrir as despesas. Há também a promoção de eventos, que acontecem esporadicamente, empresários que ajudam quando necessário e planos para abertura de um bazar.

Em contato com a responsável pelo financeiro, o GNTC constatou que as despesas mensais giram por volta de R$15 mil, dos quais cerca de R$10 mil são destinados à cobertura apenas da folha de encargos. O valor é variável e se deve levar em conta que há despesas não fixas, que precisam ser asseguradas.

Assim, caso haja interesse em contribuir de alguma maneira, podem ser obtidas informações pelo telefone (15) 99759-3858. Por fim, é também possível contribuir via Pix, usando a chave (CNPJ) 02.545.338/0001-54.

Apoiar esta causa é dar novas oportunidades para pessoas que precisam.