O Tribunal Penal Internacional – TPI irá investigar o possível cometimento de crimes de lesa-humanidade cometidos pela Venezuela desde 2014, sob o regime ditatorial de Nicolás Maduro, segundo informou o procurador-chefe, Karim Khan, nesta quarta, 03.

A decisão acontece após a realização do exame prévio, iniciado há três anos, quando líderes de seis países solicitaram a investigação ao Tribunal, tratando-se da primeira vez em que nações o acionam para outro país signatário do Estatuto de Roma.

Para a apresentação do caso à corte são necessários, basicamente, três requisitos: (I) existência de evidências do cometimento de crimes de competência do TPI, como crimes de guerra, crimes contra a humanidade e genocídio; (II) o fato deve ser grave; e (III) a investigação deve atender aos interesses da Justiça e do Estado investigado, que não pode estar julgando os supostos crimes em território nacional.

O TPI entendeu que todos os requisitos estão presentes para abertura da investigação. “O exame preliminar inaugurado em 2018 nada mais é do que um estágio de filtragem à medida que avançamos para este novo estágio”, disse Khan.

O Relatório do Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas divulgado em 2020 apontou o cometimento de crimes como assassinatos, uso sistemático de tortura e desaparecimentos e detenções arbitrárias, com o conhecimento e até mesmo apoio de figuras do alto escalão do Governo, incluindo o próprio Maduro.

O anúncio da investigação chegou a ser feito pelo próprio ditador, que divulgou em sua conta do Twitter que respeitará a decisão de avançar a fase investigativa “em busca da verdade” e que a Venezuela está “disposta a garantir a justiça com instituições abertas a melhoras, aperfeiçoamentos e avanços”.