Penso que uma parcela importante da sociedade brasileira passou a se importar com política, coisa que não fazia antes. Acho que esses “debutantes” foram sobretudo os que vestiram a camisa da seleção brasileira, foram votar, foram às ruas e alguns ainda estão lá protestando contra o resultado das eleições.
De todo modo, independentemente de para quem esses debutantes tenham votado, creio que isso represente um avanço civilizatório nosso, pois revela uma tomada de consciência por parte de uma parcela da sociedade.
É claro que esse engajamento deve ser mais amplamente analisado, sobretudo pelo viés autoritário fortemente prestigiado, mas acho que um passo importante tenha sido dado. E um segundo passo esteja sendo dado exatamente agora: os derrotados vão aprender que não é sempre que a nossa vontade prevalece, que a democracia é uma experiência coletiva e que a maioria tem o direito de escolher os governantes, ainda que os escolhidos não sejam os do nosso gosto. Vão aprender a perder, enfim.
Sendo assim, que possamos aproveitar a adesão dessa parcela da população cuidando para que ela tome cada vez mais consciência da importância do seu papel social, de qual é “o seu lugar na fila do pão”, ou seja, de como a sociedade está estruturada, de quais os direitos que cabem a cada um, dos problemas e das injustiças sociais, enfim, dos temas nos são caros enquanto nação. E que essa tomada de consciência funcione como uma alavanca a nos transportar para mais elevados patamares.