Com a escalada do preço do asfalto, as obras de infraestrutura do país vêm sofrendo maior pressão, acompanhada de uma onda de pedidos de renegociação de preços e contratos com o pode público. Em maio, o aumento foi de 25% e em agosto, recém-iniciado, já se observou nova elevação em 6%.

As obras já eram impactadas pelo aumento nos valores do aço e cimento, o que até mesmo levou ao atraso em inúmeros projetos em razão de uma onda de pedidos de reequilíbrio econômico-financeiro contratual, observada a partir do segundo semestre do ano passado.

De imediato, a problemática não impacta os pedágios das rodovias sob concessão, que vêm sendo reajustados de acordo com os índices inflacionários, mas a questão é um dos focos de queixa das concessionárias, que vêm pressionando o Governo para incluir gatilhos de repasses de alta do insumo.

A Confederação Nacional dos Municípios diz que a situação gerou grande desajuste no equilíbrio financeiro dos contratos, visto que o asfalto passou a representar cerca de 40% do curso de pavimentação e até 70% os caos de manutenção das estruturas viárias.

Em janeiro de 2019, o preço médio do quilo do asfalto era de R$2,45, contra R$3,39 observados neste último mês de maio. “Os contratos têm previsão de aditamento [justamente para acomodar eventuais aumentos de custo e preservar o equilibro], mas o aditamento já não suporta mais”, disse o Presidente da Confederação, Paulo Ziulkoski. “Então, a Prefeitura para a obra e tem que fazer nova licitação”.

Tal como se observa com os combustíveis, o preço da malha asfáltica vem sendo puxado pela recuperação de cotações internacionais do petróleo, pois segue também o conceito de paridade de importação, que leva em conta o quanto custa para importar o produto.

O aumento anunciado para o mês de maio em 30 de abril, em 25%, foi o maior dos últimos anos, enquanto o preço do cimento asfáltico mais usado no Brasil sofreu elevação de 42% nas refinarias desde 2019. A escalada de preços, no entanto, começou em 2015.

Para concessionárias rodoviárias, a disparada no preço causa impactos em termos de projetos de ampliação e conservação das rodovias, pois “as empresas não têm como ficar bancando”, disse o Presidente do Comitê de Infraestrutura da Câmara Brasileira da Indústria da Construção – CBIC. A tendência, em especial quanto à obras municipais, é a paralização ou semiparalização de obras.