Após a saída
conturbada de Milton Ribeiro do MEC (Ministério da Educação), na
segunda-feira (28), o presidente Jair Bolsonaro nomeou Victor Godoy Veiga para
assumir o posto de forma interina. A nomeação foi publicada no Diário Oficial
da União desta quarta-feira (30). Ele será o quinto nome a ocupar o cargo
no governo de Bolsonaro.
Godoy estava como secretário-executivo da pasta desde
julho de 2020, posto assumido durante a gestão de Ribeiro. O ex-ministro deixou
o governo após denúncias
de que dois pastores estariam pedindo propina para facilitar a
liberação de verbas da pasta.
Antes de ser o braço direito de Ribeiro no MEC, Godoy
atuou na CGU (Controladoria-Geral da União) por 16 anos nos cargos de auditor
federal de finanças e controle; chefe de divisão; coordenador-geral e
diretor-substituto de auditoria; e diretor de auditoria da área social e de
acordos de leniência.
Corrupção no MEC
O escândalo
que envolve Milton Ribeiro foi revelado em 22 de março, quando vazou um
áudio do ex-ministro em que ele afirma que o governo prioriza repasse de verbas
a partir de negociações com dois pastores, a pedido do presidente Jair
Bolsonaro. Os religiosos em questão seriam Gilmar Santos e Arilton Moura, que
não têm cargo oficial no governo.
Os pastores atuavam desde o início da gestão de Milton e
levaram dezenas de prefeitos para reuniões, tendo sido liberadas verbas em
curto prazo após os encontros. Segundo as acusações, feitas até pelos próprios
prefeitos, havia cobrança de propina para facilitar o repasse. A Polícia
Federal investiga as denúncias por pedido da Procuradoria-Geral da
República, por indícios de crimes de corrupção passiva, prevaricação, tráfico
de influência e advocacia administrativa.
Milton Ribeiro nega a existência de um atendimento
preferencial. Logo após a revelação do áudio, ele afirmou que a solicitação do
presidente foi para que todos os prefeitos que procurassem o ministério fossem
atendidos. "Não há nenhuma possibilidade de o ministro determinar alocação
de recursos para favorecer ou desfavorecer qualquer município ou estado",
diz a nota de defesa do MEC.
Ele deve comparecer
à Comissão de Educação do Senado nesta quinta-feira (31) para prestar
esclarecimentos sobre o caso. A informação foi confirmada por parlamentares,
que decidiram manter o convite mesmo com a troca do comando da pasta.