O
Brasil assiste com atenção todos os desdobramentos do fatídico oito de janeiro
do corrente ano. Quando todos imaginavam que a barbárie seria concentrada em um
único evento, novas revelações deixam claro que a baderna foi apoiada por
apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro e permitida por figuras relevantes
do governo Lula. Todavia, a democracia resistiu.
Me
parece indiscutível que houve uma ascensão do autoritarismo no governo passado,
com falas e atitudes que devem ser rejeitadas em um Estado Democrático de
Direito. A derrota nas urnas para o seu rival número um foi, talvez, o estopim
para diversos aliados do ex-presidente se reunirem e discutirem ações para
manutenção no poder e convocação de novas eleições, citando, inclusive, o art.
142 da Constituição Federal, tudo isso, por óbvio, nunca encontrou guarida na
Lei Maior, apenas nos devaneios autoritários de quem não tem compromisso com a
legalidade e a ordem jurídica em vigor.
Toda
essa sucessão de eventos culminou em trágico episódio de depredação, delírios e
um grave atentado contra a ordem constitucional. Mas o que também não pode
passar despercebido é a complacência que integrantes do alto escalão do governo
tiveram com os golpistas de 08.01.2023.
Imagens
divulgadas por diversos veículos de imprensa mostram a inação de integrantes do
Gabinete de Segurança Institucional durante as invasões, inclusive dando
risadas e acompanhando assuntos “mais importantes” em seus aparelhos celulares.
O
Ministério da Justiça e Segurança Pública também foi alertado e recebeu
diversas informações de inteligência de vários órgãos do governo, sobretudo da
Abin, porém preferiu não empregar esforços e deixou tudo por conta da
Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal, que, a seu turno, mais
contribuiu com a desordem do que agiu para fazer cessar a baderna que se
instalava em Brasília.
O
que fica bastante claro é que um lado planejou e incentivou um verdadeiro show
de horrores para tentar demonstrar algum tipo de força ou descontentamento,
enquanto o outro lado foi conivente e omisso com toda essa bagunça para poder
sustentar narrativas e ter munição para se preocupar com ataques ao governo
passado do que arregaçar as mangas e concentrar tempo e esforço para trazer
melhorias ao país.