O
ex-Presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha – MDB/RJ afirmou na noite
desta segunda-feira, 25, em evento restrito à convidados que promoveu em São
Paulo, que não vê motivos para a abertura de um processo de impeachment contra o
Presidente Jair Bolsonaro por sua gestão durante a pandemia do novo Coronavírus
– Covid-19.
A
noite foi dedicada a autógrafos do seu novo livro “Tchau, Querida”, no qual
relata os bastidores do processo de impeachment de Dilma Rousseff – PT. Com os
direitos políticos cassados até 2027, mas com ofensiva para reverter sua
situação jurídica, Cunha revelou pretender lançar sua candidatura à Deputado
Federal por São Paulo, enquanto sua filha, Danielle Cunha, deverá se candidatar
ao cargo pelo Rio de Janeiro.
Com
a candidatura, mas não sabendo se aguardará ou não o resultado das eleições de
2022, o ex-parlamentar publicará seu segundo livro: “Querida, Voltei”, onde
relatará sua jornada desde a autorização do processo de impeachment de Dilma
até o presente momento.
Ele
disse ainda não saber por qual partido irá se lançar. Indagado sobre eventual
cometimento de crime por parte de Bolsonaro, disse não enxergar razões para o
atual Presidente da Câmara, o Deputado Arthur Lira – PP/AL, dar seguimento aos
pedidos de impeachment protocolados.
“Eu não poria [em votação] os pedidos que têm lá, porque eu não vi
nenhum deles que caracterizasse um crime de responsabilidade do Presidente”, diferente
do caso de Dilma, em que “ela mandou um
projeto de lei ao Congresso Nacional para mudar a meta fiscal, só que emitiu
decretos para gastar sem que essa meta tivesse sido votada pelo Congresso. Aí,
ela praticou um crime. Foi só aí que aceitei”, comentou.
Para
ele, a Comissão Parlamentar de Inquérito – CPI da Covid apenas trata de “situações de opinião, de comportamento e do
que o Presidente pensa”. “Não tem um ato do Presidente da República. Qual o ato
que o Presidente praticou no âmbito da CPI que possa ser considerado crime de
responsabilidade? Sinceramente, não vi”, acrescentou.
Cunha
assistiu sua cassação acontecer em 2016, por quebra de decoro parlamentar,
acusado de ter mentido sobre a existência de “qualquer tipo de conta” no exterior. No mesmo ano foi preso
preventivamente, obtendo sua liberdade no primeiro semestre deste ano, antes do
início da divulgação do seu livro.
Neste
último mês de setembro, o Supremo Tribunal Federal – STF determinou a remessa à
Justiça Eleitoral do Rio de Janeiro a ação penal em que Cunha foi condenado
pelo ex-juiz Sérgio Moro, pelos crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e
evasão de divisas. O novo juiz deverá decidir se os atos processuais praticados
por Moro têm validade ou devem ser anulados, incluindo a sentença condenatória.
O
ex-Deputado têm, ainda, mais duas condenações criminais em primeira instância,
pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro, uma em trâmite no Distrito
Federal e outra em Curitiba, sentenciada pelo sucesso de Moro, o juiz Luiz
Antônio Bonat. A defesa recorre das decisões.
No
mês de novembro, Sérgio Moro se filiará ao Podemos, o que deverá dar margem à
sua candidatura à Presidência da República no próximo pleito. Cunha diz torcer
para que o ex-magistrado se candidate, acrescentando não ter “a menor dúvida” da sua derrota.
“Até apelo que ele
seja candidato. Acho muito importante para o Brasil que ele seja candidato, até
para poder expor todo o processo político que ele era chefe e mostrar que tudo
era uma farsa política”, afirmou.
“É importante que a
gente mostre para o país qual era o objetivo dele. É muito importante que o
povo brasileiro julgue isso e que a derrota dele seja suficiente para enterrar
essa fase ruim da vida política brasileira”, finalizou.