O ministro da
Educação, Milton
Ribeiro, anunciou sua saída do cargo nesta segunda-feira (28). O pedido de
exoneração veio por meio de uma carta e acontece após
a crise instalada dentro da pasta com a revelação da existência de pastores
evangélicos, sem vínculo com o poder público, atuando em uma espécie de
gabinete paralelo.
"Meu afastamento é única e exclusivamente decorrente de minha responsabilidade política, que exige de mim um senso de país maior que quaisquer sentimentos pessoais", disse o ministro no documento. O pedido foi aceito pelo presidente Jair Bolsonaro.
"Assim sendo, não me
despedirei, direi um até breve, pois depois de demonstrada minha inocência estarei
de volta, para ajudar meu país e o Presidente Bolsonaro na sua difícil mas
vitoriosa caminhada", completou.
Informações de bastidores
apontam que Ribeiro esteve no Palácio do Planalto no início da tarde desta
segunda em uma reunião com Bolsonaro, horas antes do vazamento da carta à
imprensa com o pedido para sair do comando do ministério.
O Palácio do Planalto
confirmou o pedido de demissão de Ribeiro com a publicação da exoneração no Diário Oficial da União.
A crise dentro do Ministério da
Educação (MEC) veio após reportagens na imprensa revelarem que dois
pastores estariam controlando a distribuição de verbas da pasta. Prefeitos
afirmaram que receberam pedidos de propina para, em troca, receber recursos
financeiros do ministério.
Em um áudio, Milton Ribeiro
disse, em uma reunião com prefeitos, que atendia à reivindicações dos pastores
por repasse de verbas a pedido de Bolsonaro.
O ministro se defendeu das
acusações, alegando que solicitou à Controladoria-Geral da União (CGU) uma
investigação sobre o caso, após receber denúncias de pedidos de propina para
distribuição do orçamento do ministério.
A Polícia Federal e a
Procuradoria-Geral da União investigam as denúncias e a conduta de Ribeiro e de
Bolsonaro.
Possíveis substitutos
O secretário-executivo Victor
Godoy Veiga, número 2 da pasta, é um dos cotados para o cargo. Veiga é servidor
público de carreira da CGU, onde trabalhou de 2004 até julho de 2020, quando
foi convidado para trabalhar no MEC.
Indicação política, Garigham
Amarante Pinto, diretor de Ações Educacionais do Fundo Nacional de
Desenvolvimento da Educação (FNDE), órgão ligado à pasta, é outro nome possível
para assumir o posto deixado por Ribeiro.
Advogado de formação,
Garigham é homem de confiança de Valdermar Costa Neto, presidente nacional do
PL, partido do presidente Bolsonaro.