Muitos olham para os advogados que atuam na seara criminal e logo já pensam, “mais um defensor de bandido”, “olha lá o advogado do diabo”, entre outros. Não tenho dúvidas de que advogados criminalistas sejam os profissionais mais criticados pela sociedade. Muito se diz que “a polícia prende, mas os advogados soltam”, quando na verdade o advogado apenas cumpre o seu papel constitucional de garantir a seus clientes o direito fundamental a ampla defesa e ao contraditório, ficando a critério de cada magistrado analisar o caso e as provas constantes dos autos para decidir pela soltura, manutenção da prisão, absolvição ou condenação.

A Constituição Federal preconiza em seu art. 133 que “o advogado é indispensável à administração da justiça”, mostrando claramente a importância do advogado, sobretudo os que atuam na área criminal, a qual envolve os bens jurídicos mais relevantes em nosso ordenamento jurídico infraconstitucional, como a vida e a liberdade.

Em um sistema em que ainda existe racismo e discriminações de todas as naturezas, como classe social e orientação sexual, por exemplo, é de suma importância que existam os tão destemidos e combativos criminalistas, lutando contra tudo e contra todos, pois no final, os únicos realmente interessados na correta aplicação da lei em favor do réu serão eles.

Quando se analisa todos os personagens principais envolvidos no sistema legal, fica mais claro o quão importante são os defensores.

A Polícia, sob o comando de políticos e não de policiais, é forçada a se preocupa em apresentar números positivos para a população. O Ministério Público, por vezes, se preocupa em fazer com que os réus sejam condenados a longas penas. O Judiciário, infelizmente, em determinados casos, em tempos sombrios, se preocupa em garantir que a população não fale mais em impunidade. Já os advogados se preocupam em garantir que seus clientes sejam julgados de forma justa, imparcial e com base na lei, doutrinas e jurisprudências, mas nunca para atender clamor público nem para matar a sede de sangue que tomou conta da população.

Portanto, é perfeitamente possível concluir que o advogado não luta apenas para que a lei seja cumprida, mas luta também contra todo um sistema enfraquecido, injusto, desproporcional e discriminatório, que falha em uma de suas principais missões, que é fazer com que todos sejam tratados de forma justa e igualitária, caso contrário, é melhor revogar o caput do art. 5º da Constituição da República Federativa do Brasil, promulgada em 1988. Em suma, sopesando todas as informações até aqui narradas, mostra-se que é o amor pela profissão e a garra na luta por quem precisa que move os nobres causídicos. E o meu, como o de muitos, maior desejo é quebrar esse sistema.